Se faço sombra em meu caminho, é porque há uma lâmpada em mim que ainda não foi acesa – Rabindranath Tagore.
Tagore foi o maior poeta moderno da Índia e o gênio mais criativo da renascença indiana. Reformulou a literatura e a música bengali, no final do século XIX e início do século XX. Além da poesia, Tagore escreveu canções (letras e melodias), contos, novelas, peças de teatro (em prosa e verso), ensaios sobre diversos temas, incluindo críticas literárias, textos polêmicos, narrativas de viagens, memórias e histórias infantis: O Jardineiro, O Canteiro do Rei e os Pássaros Perdidos. Grande parte de sua obra está escrita em Bengali.
Tagore nasceu na mansão Jorasanko em Calcutá, o mais novo de treze filhos de Tagore Debendranath e Sarada Devi. O seu pai foi uma das figuras mais relevantes do moderno pensamento indu, tendo implicações na religião com a fundação do bramanismo, além de educador quando formou uma escola, se tornando um dos primeiros líderes indiano a abrir o ensino superior para as mulheres. O seu avô o Príncipe Dwarkanath Tagore foi um dos primeiros comerciantes com a Europa, fundador do ramo Jorasanko da família Tagore se notabilizando por grandes contribuições com o Renascimento Bengali.
O Renascimento Bengali foi um movimento de reforma social no século XIX e início do século XX na região de Bengala, durante o período do domínio britânico. A retomada das características culturais do povo bengali teve início com Hussein Shah, mantendo-se predominantemente hindu e apenas parcialmente muçulmana. Swami Vivekananda, que fundou a Missão Ramakrishna é a figura chave na introdução da filosofia hindu dos Vedas e da Yoga no Ocidente. O renascimento bengali é a retomada do espírito ariano religioso, com a ajuda do espírito racionalista ocidental moderno.
O movimento começou com Raja Ram Mohan Roy (1775-1833) e terminou com Rabindranath Tagore (1861-1941), embora tenha havido muitos fiéis depois que acrescentaram contribuições. Naquele século XIX, Bengala vivia uma era especial de reformadores religiosos e sociais, acadêmicos, grandes literatos, jornalistas, oradores e cientistas. Este conjunto faz a transição entre o período medieval e a modernidade.
A ortodoxia existente, no que se refere às mulheres, ao casamento, o sistema de dote, o sistema de castas e a religião. Um dos primeiros movimentos sociais que emergiram durante este tempo foi o movimento jovem de Bengala, que abraça o racionalismo e o ateísmo como denominadores comuns de conduta civil entre hindus da casta superior educada.
Simultaneamente se aprofunda o pensamento espiritualista reformado, como aquele da família Tagore. O mais importante, era, de alguma maneira, a primeira experiência multiculturalista na Índia, com raízes intelectuais do Upanishads e influências do iluminismo. Era uma versão do Hinduísmo desprovida de práticas como a poligamia e a sati, se tornando uma fé monoteísta, distinta da natureza plural e multifacetada da velha religião hindu. Líderes como Keshub Chunder Sen foram devotos de Cristo, Brahma, Krishna ou Buda. O movimento Brahma Samaj não era das massas e permaneceu restrito à elite, mas a sociedade Hindu aceitou a maior parte do seu programa de reformas sociais. Destes brâmanes surgiram muitos líderes do movimento pela liberdade.
Após a Rebelião Indiana de 1857 ocorreu uma grande manifestação na literatura bengali. Nomes como Ram Mohan Roy, Iswar Chandra Vidyasagar, Bankim Chandra Chatterjee, Akshay Kumar Datta, Michael Madhusudan Dutt, Hem Chandra Banerjee, and Dina Bandhu Mitra fizeram escola. O desvio nacionalista do movimento foi dado com os escritos de Bankim Chandra Chatterjee. Rabindranath Tagore, apesar de criticar o desvio nacionalista foi o compositor de primeira Jana Gana Mana o hino nacional da Índia.
No Renascimento Bengali se destacam dois monstros da ciência. Sir Jagadish Chandra Bose, físico, biólogo, botânico, arqueólogo e escritor de ficção científica. Foi pioneiro na investigação do rádio, ótica e microondas, lançando as bases da ciência experimental no subcontinente indiano. Satyendra Nath Bose, físico e matemático, se destaca pelo seu trabalho em mecânica quântica, fornecendo a base para as estatísticas e a teoria de Bose-Einstein. A partícula bóson é em sua homenagem.
A comparação entre o que ocorreu na Índia no século XIX com o que ocorreu na Europa no século XVI se deve essencialmente à transição entre a era medieval e a modernidade. Na Índia, assim como na Europa isso ocorreu a partir de um povo, em Bengala e na Itália. Não foi um movimento de massa em seus caminhar, mais restrito às classes superiores. Por outro lado, enquanto a consciência renascentistas na Europa ocorre com a expansão marítima desta, na Índia ocorreu sobre a pressão do colonialismo Britânico. Isso levou ao desenvolvimento de uma prática de preservação dos valores Hindus, simultaneamente se abrindo para as influências das outras culturas.
por José do Vale Pinheiro Feitosa
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