TIA ROSA
Acanhada , aluada , órfã de pai e mãe , tinha o semblante de um anjo desmantelado , mas de luz intensa !
Chegava e saia calada . Ficava de cócoras num canto da cozinha , a espera de um prato de comida , de um cumprimento , de um mimo. Maltrapilha e rota , minha mãe , que a chamava de Roseira , dava-lhe um trato ; na unhas , cabelo , e banho de cheiro . Ficava tão linda , como uma rosa vermelha ! Tem gente que parece bicho do mato pelos maltratos ...
Tia Rosa era minha tia marginal , pela pobreza e simplicidade . Culpo-me por todas as vezes que deixei de lhe pedir a bênção, ou senti vergonha daquela velhinha com aura de santa !
A Virgem das macaúbas
Corria , quando chegava. Corria , porque esperava ... Trocava qualquer mantimento , subtraído da despensa da casa , por um saquinho de macaúbas : pequenas , maduras e doces. Depois de roídas , elas viravam xibiu . Com dez coquinhos , a brincadeira estava completa . Com eles , jogava , interessantemente , nos batentes de casa , com a meninada da rua .
Vestia-se como a Virgem : manto azul , branco véu ...
Parecia ,a minha Mãezinha do céu !
Seu rosto era protegido por um chapéu. Tinha sons metálicos que anunciava, inconfundivelmente,
a sua chegada :"Mói, Mói, Mói ..."
Um artista fantasiado de esmoler . Um esmoler com talentos artísticos . Seu cachê era um pedaço de pão , uns tostões , um prato de comida ... A meninada alegre , lhe socorria , sorrindo !
Um comentário:
Valeu Socorro!
Também conheci Mói, Mói.
Andava pelo Pimenta também.
Ele rodava uma espécie de bandeija
com uma elegância, que pertencia somente a sua pessoa.
Ai! como lembro...
Saúdo com carinho, sua memória.
Beijos amiga querida: Lidu.
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