por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 22 de junho de 2011

Por José do Vale Feitosa


O mundo é o mundo porque é cheio de eventos. São tantos que não se imagina que possa existir um evento único. Todo evento é múltiplo no acontecer, mas não é assim que nós, estes seres de presença e sentimentos, imaginamos.

Por funcionarmos como testemunhas, sempre estaremos ausentes a muitos dos eventos. Por isso poetamos ora como o sublime único e por outras na solidão de nós mesmos. Este texto lembra dois personagens que amarguraram a solidão de sublime singularidade.

Leiam estes versos: a estrada solitária, branca como o sal / um grão para crescer, os campos por arar / guardar cada dia / se chove ou se é sol / para saber se amanhã / se vive ou se morre / e um belo dia dizer basta e ir adiante / tchau amor, tchau / tchau amor, tchau.

E poeta andou distante e chegou às cercanias de outro mundo. Andou sonhando, por mil estradas, por vezes gris como o fumo e noutro um mundo de luzes. Da altura de San Remo, mergulhar profundo na decepção de não haver sido o vitorioso da noite. E intensamente decepcionado, ir muito além nesta viagem sem fim, solitária e sem volta.

Uma carta e será que Edu Lobo prestou atenção ao recado que Torquato Neto queria dar. Prá Dizer Adeus. Para um lugar do qual não voltaria e para o qual iria sozinho. Ainda não gostaria de pensar que não voltaria mais deste caminho que já era dele.

E dizia isso por que ainda queria a presença dela mesmo que fosse só para prá dizer adeus. E assim o poeta cessou de fustigar os eventos.

Os poetas, sabemos, como tantos outros, por vezes sentem a síndrome do sublime e do solitário. Imaginam-se uma balança que pesa o conteúdo do mundo. E como o peso é tanto, desistem por alguns grãos. Grãos sublimes e solitários. Mas grãos, entre tantos, sem a necessidade de ponderar.

E ambas as canções aconteceram em anos próximos entre 1966 e 1967.

José do Vale Feitosa

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