Meu primeiro encontro com o Hermeto Pascoal foi em 1990 em Fortaleza-CE., num workshop que ele ministrou no Instituto Dragão do Mar. Fiquei maravilhado quando ele disse que todo mundo "fala cantandado". E ele provou na hora musicalizando a voz de uma menina da plateia que o aconselhava a não comer carne. Várias Universidades e Escolas de Música do mundo inteiro estudam o que o Hermeto passou a chamar de A AURA DO SOM. Depois tocou Asa Branca, quer dizer, tocou uma outra Asa Branca com acorde inimagináveis! Lembro-me que o sanfoneiro Waldonis estava presente. Fiquei na fila esperando que ele autografar um pífano que ainda hoje tenho. Ele autografou com a genteliza que é comum a todos os gênios. Em seguida, um conhecido que estava ao lado comentou: "- Daqui a um tempo esse pife vai valer uma grana!" Num impulso e olhando para o Hermto eu disse: "Vou quebrar essa merda agora mesmo!" Hermeto sorrindo confirmou: "É isso aí Campeão!" Hermeto tem o costume de chamar todo mundo de Campeão. Ainda hoje tenho esse pífano guardado e para minha alegria o autografo do Hermeto Pascoal não existe mais, foi desbotado pelo ação do suor da mão. Dessa história eu escrevi A FÁBULA DO PÍFANO. Afirmo, sem exagero, que a música livre de Hermeto Pascoal, sua obra e filosofia de vida, sua pedagogia músical,formam uma ferramenta capaz de fazer a ponte com as intenções perdidas do maestro Villa Lobos, quando na década de 30 fez a Escola Pública brasileira sofejar e cantar. Caetano Veloso, o nosso Hermeto da canção, canta na música PODRES PODERES:
Será que apenas
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais...
Os hermetismos pascoais
E os tons, os mil tons
Seus sons e seus dons geniais
Nos salvam, nos salvarão
Dessas trevas e nada mais...
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