por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
sexta-feira, 24 de junho de 2011
O BRASL MUDOU
Início dos anos 80 fui com meu pai visitar uma fazenda no município de Potengi. Nesta ocasião, meu Tio, Miguel Arraes, chegado há pouco do exílio e ainda sem mandato, aceitou convite para nos acompanhar. Lá chegando, a notícia da presença de um político se espalhou pela vizinhança com velocidade incrível, considerando que não havia telefone e o celular nem sequer inventado. Antes do meio dia um pequeno ajuntamento (umas 15 pessoas) formava um círculo em volta dos visitantes.
Dois chefes de família mais afoitos se dirigiram ao Dr. Arraes como se ele fosse político com influência no Ceará e formularam pedidos:
- O primeiro solicitou interferência para ingressar na frente de emergência contra a seca criada há pouco, sob o argumento que precisava do meio salário mínimo pago aos contratados.
- O outro pediu um cartão para matricular uma filha no ginásio da cidade, pois só obtinha vaga quem se apresentasse com “pistolão”.
Os dois pedidos feitos com naturalidade espantosa chocaram o futuro governador de Pernambuco levando-o comentar o absurdo a que o pais tinha chegado. Para conseguir direitos básicos a população tinha que se humilhar e pedir aos mandatários como se fosse um favor.
Este ano acompanhei minha mãe em viagem a mesma Fazenda. Em termos de educação, testemunhei quadro muito diferente. Veículo da prefeitura chega cedo para deixar a professora do ensino básico (A sala de aula é em um dos cômodos da casa) e levar os alunos que frequentam os cursos de níveis intermediários. Todos ganham fardamento, livros, cadernos e lápis. Além disto, as mães recebem uma mesada de incentivo caso os filhos não faltem às aulas.
Lembrei-me do pedido do primeiro cidadão, o da frente de emergência. Perguntei aos moradores por elas. A resposta foi que o ano não foi de seca e esclareceram que há anos a “emergência” não mais existe. As políticas compensatórias do governo (bolsa família, bolsa escola, etc) permitem que os sertanejos sobrevivam mesmo quando a produção é prejudicada pelo mau tempo. E ainda ouço pessoas dizerem que o Brasil não melhorou...
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