por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



terça-feira, 19 de abril de 2011

Liturgia dos Olhares de Esquina - por José do Vale Pinheiro Feitosa


Andei pelos caminhos da política. Na planície em que as partes de afastam.
E ela dizia: poesia.
No contraste entre o vale e as montanhas. E ela publicava um poema.
Quando eu dizia disputa, ela versejava.
Se falasse em vitória, ela rimava.
E quando disse movimento, ela colhia uma flor de maracujá peroba.
No alto da Chapada do Araripe.

Daí, nesta manhã, o encontro na rua Jardim Botânico:

Nossos olhares separados,
Na esquina de cada lado,
Com mel todo esparramado,
O dela no outro perfumado.

Meu olhar descobriu,
O dela, num lance, seduziu.

Enquanto o sinal nos separava,
Meu olhar ao dela se juntava,
Em simbiose digestiva,

O meu intrusivo,
O dela eruptivo.

O verde moveu os olhares,
O meu? Farol de milha!
O dela, véu em oração.

Passou de pálpebras abaixadas,
Toda exposição de corpo nu,
Assim como sempre fazem,

Na distância nos laçam,
Perto, trêmulas se acalmam,

Por meu olhar em ebulição,
O dela, guia da liturgia da fusão.

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