Freud dizia que a família era composta de heróis trágicos que ora se atraíam, ora se agrediam e ora se matavam, mas que a família é viável e necessária para a formação do sujeito.
A família é um espinheiro indispensável à civilização, não que o sujeito seja masoquista, mas o desejo da família advém do instinto inato da preservação da espécie que cada um traz dentro de si.
Na contemporaneidade acontece fato interessante de ser estudado: a família desagrega-se, mas todos a querem.
Os filhos dão sobrevida aos relacionamentos conjugais, mas também são os que mais dão trabalho, pois não é fácil educá-los para a vida numa sociedade que abandonou quase todas as virtudes e onde o vício e a maledicência encontram-se por toda parte.
Os filhos culpam os pais por tudo, mas esquecem que um dia serão também pais e acabam criando uma espécie de brincadeira infantil do "desconta lá" e o sentimento de culpa se instala em forma de círculo.
Não há posição mais cômoda dentro da família do que ser ou fingir-se de vítima, mas assim como os pais têm a obrigação de educar os filhos, os filhos por sua vez têm o dever de obedecê-los e procurar fazer o melhor possível para reconhecê-los pelo trabalho e as noites de insônia que deram causa.
Os pais não devem se sentir culpados por conta de qualquer ato dos filhos, pois muitas vezes fazem de tudo, mas mesmo assim, o filho desgarra e segue com seu livre-arbítrio caminho desaconselhado.
Se fizer pouco, o filho reclamará, mas se fizer muito poderá acusar de tê-lo mimado e não ter lhe dado oportunidade de conhecer as dificuldades da vida.
Os filhos e os pais precisam se conquistar um pelo outro e não somente de forma unilateral, como pensam e desejam muitos filhos. Desde tempos imemoriais há a ingratidão dos filhos na família, mas é preciso adverti-los que a função dos pais é nobilíssima e precisa ser reconhecida e não anulada e/ou diminuída.
Disse genial poeta: (...)
Você me diz que seus pais não entendem/
Mas você não entende seus pais/
Você culpa seus pais por tudo
E isso é absurdo
São crianças como você/
O que você vai ser, quando você crescer?
LUÍS OLÍMPIO FERRAZ MELO
psicanalista
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