por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

UM "ESTRANHO NO NINHO" - José Nílton Mariano Saraiva

UM "ESTRANHO NO NINHO" - José Nílton Mariano Saraiva

Em substituição a Collor de Mello, defenestrado da Presidência da República (via impeachment, o primeiro no Brasil), em razão de malversação do dinheiro público (através do seu “braço direito”, PC Farias), assumiu o mineiro Itamar Franco, que houvera sido indicado à vaga de vice teoricamente apenas pra cumprir uma formalidade institucional (a partir dali, no entanto, o tempo restante para o cumprimento do mandato, como titular, seria de 02 anos e 2 dias – de 29.12.92 a 01.01.95). 

Com cara de “avoado” (aquele que está ou vive distraído, ou “nas nuvens”) o despreparo e dificuldade gerencial de Itamar Franco se pôde avaliar pela constância com que mexeu na parte mais sensível do governo durante esses 02 anos: o Ministério da Fazenda (afinal, foram seis -06- os que atuaram na pasta em tal interregno, entre os quais Ciro Gomes). 

Dentre esses seis -06- quem bem aproveitou o tempo que esteve ministro foi o tucano Fernando Henrique Cardoso, que juntou uma “penca” de economistas de primeira linha e começou a alinhavar um “plano de estabilização econômica”, que mais à frente seria denominado “Plano Real”, até porque já tencionava concorrer à sucessão de Itamar Franco (para tanto, teria que desimcompatibizar-se a tempo). 

Na oportunidade, Rubens Ricúpero, ex-embaixador brasileiro nos Estados Unidos o sucedeu, “caindo do cavalo” pouco tempo depois ao, inadvertidamente, ter uma conversa confidencial por demais comprometedora captada por antenas parabólicas (“o que é bom a gente fatura, o que é ruim, esconde”). 

E só aí o “avoado” lembrou de Ciro Gomes, que foi empossado após renunciar ao Governo do Ceará (que houvera assumido meses antes), mas não levou, porquanto os verdadeiros “pais do real” (os economistas lá atrás convocados por FHC) não admitiam intrusos em seu trabalho. 

Não é verdade, pois, a até hoje recorrente afirmação de Ciro Gomes, de que... “ajudei a fazer o Plano Real sob a liderança do Presidente Itamar Franco” (na verdade, era um “estranho no ninho”, tanto que passou apenas 03 meses e 25 dias como ministro). 

Até porque o “Real” fora adotado e implementado em duas fases distintas: primeiro, através da adoção de uma “moeda escritural”, a URV (Unidade Real de Valor), em 28.02.94, e que foi substituída definitivamente pelo “Real” em 01.07.94, E Ciro Gomes só lá chegou em 06.09.94 (portanto, já encontrou o “prato feito”, sem que tivesse direito a acrescer algum condimento). 

Na sequência, foi “mandado embora” tão logo Fernando Henrique Cardoso assumiu a Presidência da República, sendo substituído por Pedro Malan, daí a birra que até hoje mantém com o próprio (FHC).

Alfim, um lembrete não esquecível: oficialmente, na papelada atinente à criação do Real, as assinaturas lá constantes são de Itamar Franco (Presidente da República) e Rubens Ricúpero (Ministro da Fazenda). 

O resto, é conversa fiada, pra boi dormir. 

**************************************

Post Scriptum: 

-Também não é verdadeira a afirmação de Ciro Gomes de que... “eu peguei a inflação com 3% ao mês e entreguei com zero". Afinal, no mês de setembro de 1994, quando ele assumiu a Fazenda, o IPCA – indicador que mede a inflação oficial do país – estava em 1,53% e em seu último mês no cargo a inflação foi de 1,71%. Outrossim, os preços dos produtos ainda subiram 2,62% e 2,81% em outubro e novembro, respectivamente. Os dados são do IBGE. 

-Os economistas que teriam sido os grandes responsáveis pela formulação do Plano Real foram: Pérsio Arida, André Lara Resende, Gustavo Franco, Pedro Malan, Edmar Bach e Winston Fritsch.

 


Nenhum comentário: