“AVANT-PREMIÈRE” - José Nilton Mariano Saraiva
Sob a titularidade do auxiliar-técnico Carlos Schwanke, a seleção masculina de vôley sagrou-se campeã da acirrada Liga das Nações de Vôley, torneio disputado em Rimini, na Itália, que reuniu a “nata” mundial da modalidade (com a participação de 16 seleções e espécie de “avant-première” para os Jogos Olímpicos de Tokyo).
Ao chegar no Japão, duas semanas depois, uma novidade na seleção brasileira: a substituição do auxiliar-técnico “campeão” em Rimini, Carlos Schwanke pelo “técnico-titular”, Rennan Dal Zotto, recém-saído de uma grave passagem pela Covid, aqui no Brasil (com direito até a intubação), mas que, ainda visivelmente abatido, houvera “forçado a barra” e viajado à Itália visando tornar-se um técnico campeão olímpico.
Como as seleções eram quase que as mesmas do torneio anterior, supunha-se que bisaríamos o feito, só que agora num torneio de maior receptividade e repercussão mundial – as Olimpíadas.
E aí deu-se a grande metamorfose: o sistema tático foi mudado (talvez para impor “na marra” a marca Rennan) e o rendimento da equipe caiu assustadoramente, mudanças errôneas e fora de hora foram processadas, além do que comprovadamente faltou uma voz de comando pra acordar os atarantados “comandados” (desacostumados com o novo sistema tático) no decorrer dos intervalos regulamentares.
Resultado: no embate da semifinal contra a seleção russa, depois de dois setes equilibrados (1 x 1), no terceiro, quando o placar nos era favorável por 20 a 12, acabamos perdendo por 26 x 14 (ou seja, os russos fizeram 14 pontos e o Brasil só mais 04 nesse interregno, algo inadmissível em jogos de seleções de alto nível).
Psicologicamente arrasada, nossa seleção não conseguiu sequer provocar o famoso “tie breaker” e, assim, fomos eliminados da final e do almejado ouro olímpico (o placar final apontou 3 x 1 para os russos).
Assim, dia seguinte, despachado do jogo final (e da medalha de ouro), o Brasil já entrou de “crista baixa” contra os nossos tradicionais fregueses, os “hermanos” argentinos, e findamos voltando para casa sem sequer a medalha de bronze (a terceira colocação ficou com os “hermanos”).
Particularmente, entendemos que para não sucumbir aos gigantes russos faltou à nossa seleção uma voz firme de comando à beira da quadra, e menos afobação, porquanto o desespero do treinador foi visível ao, em determinado momento, trocar todos os jogadores titulares pelos respectivos reservas (com um Bernardinho da vida isso jamais teria ocorrido).
Posteriormente, nas redes sociais, centenas de comentaristas foram pródigos em “creditar” ao treinador-titular nosso fracasso olímpico, solicitando sua substituição imediata.
Fato é que, como o Brasil tornou-se uma referência mundial há mais de 20 anos em termos de jogar vôley com qualidade (tanto no masculino como no feminino), é deveras preocupante que injunções politicas acabem por atrapalhar esse ciclo virtuoso até aqui vivenciado pela torcida brasileira.
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