Não
deveria constituir-se surpresa para ninguém o contido na fala do
ex-ministro Antônio Palocci ante o juiz Sérgio Moro, quando,
literalmente, serviu na bandeja a cabeça do ex-presidente Lula da
Silva.
Afinal,
provado e comprovado restou, desde sempre e contemplando diversos
infelizes “torturados” nas masmorras de Curitiba (sob o comando
daquele juiz) que a “senha” para os que sonham em livrar-se da
prisão e/ou ter sua pena diminuída, via “delação”, é uma só
e fácil de pronunciar: Lula.
Como
não o fez meses atrás, durante a primeira audiência que teve com o
Moro, quando caiu na esparrela de magnanimamente oferecer-se para
citar operações, valores, datas e nomes de empresários de alto
coturno que de certa forma poderiam ser enquadrados como corruptos
nas transações com o governo, Palocci não só foi “contemplado”
com 12 anos de prisão, como foi humilhado publicamente por aquele
juiz, que definiu aquela sua atitude como uma espécie de “vingança”
do ex-ministro para com os ditos cujos (desnecessários os nomes dos
“coitados” dos empresários e, quanto às suas traquinagens, “não
vêm ao caso”).
Jogado
de volta ao fundo de uma cela, pressionado por familiares e amigos,
vendo o tempo passar e esvair-se qualquer alternativa de acordo,
Palocci deixou-se corromper pelo “método moriano” (tortura
psíquica), e então, esquecendo a amizade, princípios morais,
éticos, religiosos e por aí vai, resolveu seguir o mesmo script
adotado meses atrás pelo Marcelo Odebrecht e o Léo Pinheiro,
vivenciadores do mesmo dissabor: servir ao juiz Moro o que este
almejou desde sempre, a citação do nome Lula. E assim, durante uma
audiência de duas horas, a “entrada, menu principal e sobremesa”
foi só e unicamente “Lula” (foi Lula ao molho, Lula grelhado,
Lula cozido, Lula empanado e por aí vai); o Moro a esta hora deve
estar empanzinado de tantos “Lulas” que lhe foram servidos. Com
um detalhe que deveria ser considerado e omitem: o “NÃO”,
insistente e nauseante do Palocci, sobre se houvera participado
pessoalmente das tais reuniões que citara. Ou seja, mais uma vez
nenhuma “prova” objetiva e real contra o ex-presidente.
Como
está prevista uma audiência do Lula com o Moro no próximo dia 13,
teremos o contraponto: à versão de um desesperado em busca de
redução da pena, o depoimento de um autêntico “estadista”, que
o povo gostaria de ver novamente à frente da nação, conforme já
indicam as pesquisas.
No
entanto (sejamos realistas), independentemente do desempenho de Lula
da Silva em tal audiência, Moro e seus procuradores raivosos
dificilmente deixarão de condená-lo, inviabilizando-o de concorrer
nas próximas eleições (e não duvidem que, mesmo sem provas,
encontrem algum jeito de prendê-lo).
Fato
é que, após um curto período de bem-estar e progresso (sob Lula e
Dilma), tudo indica que voltamos à condição de “república
bananeira”.
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