A
“IRMÃ-SIAMESA” - José Nilton Mariano Saraiva
A
hoje famosa e temida “Lava Jato” nada mais é que um “genérico”
da operação “Mani Pulite”, desenvolvida na Itália ao alvorecer
dos anos 90, que exterminou tradicionais agremiações partidárias,
levou a nocaute os mais influentes políticos da nação,
desorganizou de forma inexorável a economia e jogou o país numa
convulsão social sem precedentes (mortes, assaltos e abusos de toda
ordem) que ainda hoje é lembrada, mas que, ao final, ante o sumiço
ou vazio de lideranças políticas, fez ascender ao poder o mafioso
Sílvio Berlusconi.
Pois
é bom saber que a Mani Pulite foi a “musa inspiradora” do juiz
de primeira instância Sérgio Moro para “adotar” (deflagrar) por
aqui uma sua “irmã siamesa”, a operação “Lava Jato”,
depois do fracasso rotundo de que se revestiu o rumoroso caso das
“contas C5”, onde os dois principais atores eram os mesmos dos
dias atuais: Sérgio Moro e Alberto Youssef e que ao final deixou o
Brasil com um rombo monumental em suas finanças e os criminosos
livres, leves e soltos.
Mesmo
assim (e até por isso mesmo), frustrado e ressabiado, à época Moro
foi premonitório, conforme nos mostra na peça de sua autoria
“Considerações Sobre a Operação Mani Pulite”, a saber (ipsis
litteris): “No Brasil, encontram-se presentes várias das condições
institucionais necessárias para a realização de ação judicial
semelhante à Mani Pulite; como na Itália, a classe política não
goza de grande prestígio junto à população, sendo grande a
frustração pelas promessas não-cumpridas após a restauração
democrática”.
Para
tanto, preparou
cuidadosamente uma
espécie de “catecismo”, a ser seguido a
posteriori (hoje),
que basicamente
contemplaria (contempla)
os seguintes pontos:
01) a
“deslegitimação”,
de
cabo a rabo, da classe
política tradicional
(essencial para o
sucesso da operação) que
compreendia detonar os partidos e exterminar as suas principais
lideranças;
02) cooptar
e fazer largo
uso da imprensa (a fim de vazar para o público informações tidas
como “segredo de justiça”),
garantindo o apoio da população às ações judiciais); 03) prender
suspeitos, sem necessidade de provas, mantendo-os isolados no fundo
de uma cela, ad
eternum, espalhando
a suspeita que
outros já teriam confessado, até
que se dispusessem a “dedurar” quem a polícia desconfiasse
(delação premiada);
04) mandar
às favas essa tal “presunção de inocência” na perspectiva de
que a prisão prejulgamento
é uma forma de destacar a seriedade do crime e evidenciar a eficácia
da ação judicial (segundo
Moro, não haveria
nenhum óbice
moral em submeter o investigado a ela).
Certamente
que o próprio Sérgio
Moro
não esperava contar
com uma espécie de
“bônus” especial ao introduzir tais métodos por essas bandas: a
anuência, chancelamento ou aprovação de métodos tão heterodoxos
por parte do Supremo Tribunal Federal, que esquecendo sua condição
de “guardião da sociedade” permitiu que a Constituição Federal
fosse estuprada diuturnamente,
já que desrespeitada em princípios básicos (assim,
Sérgio Moro sentiu-se
à vontade para
transgredir e avançar como
um rolo compressor sobre
o constitucionalmente estabelecido; ou seja, transformou a nossa
Carta Maior em letra morta).
Sabe-se,
por exemplo, que após mais de um ano fiel aos seus até
então inabaláveis
princípios morais e
éticos, Marcelo Odebrecht (jogado
no fundo de uma cela já
há mais de um ano)
capitulou
irremediavelmente e
prepara-se para fazer aquilo que anunciou pela televisão que jamais
faria: “dedurar” alguém (delação premiada); e que Sérgio
Machado, mesmo antes de ser preso, sem
nenhum escrúpulo assumiu
de vez sua
porção mau-caráter e
já botou a boca no
trombone entregando
meio mundo de gente, na
tentativa de “não descer” pra
Curitiba (numa outra postagem trataremos sobre).
Ou seja, a perspectiva
de “mofar na cadeia”
(e ficar louco)
tem um efeito devastador sobre o ser humano, levando-o até
mesmo a passar por cima
da própria mãe, se
se tornar necessário.
A
propósito,
independentemente de
como se veja a coisa, há algo de positivo nas delações
(envolvendo
Romero Jucá, Renan
Calheiros e José Sarney) de
Sérgio Machado: escancarou
de vez a
hipocrisia e a safadeza reinante na arena política (que
todos nós imaginávamos, mas não tínhamos como comprovar);
assim é que, enquanto
teciam loas à Operação Lava Jato em declarações à imprensa (a
fim de sinalizar para a sociedade seu irrestrito
apoio àquela
operação),
entre quatro paredes e
na calada da noite os
políticos referidos
conspiravam e tramavam
para abolir de vez a Lava Jato, na
perspectiva de que
pudessem manter o status quo e continuar usando o mesmo modus
operandi corrupto.
E
aqui,
desnuda-se de vez o “golpe” travestido de “impeachment” da
Presidenta Dilma Rousseff: em nenhum momento houve
qualquer preocupação dos políticos com supostas
irregularidades (até porque inexistentes) nas
tais pedaladas fiscais, decretos orçamentários ou com o fim da
corrupção; o afastamento da Presidenta objetivava exatamente
colocar em seu lugar
alguém que não
apoiasse a Lava Jato e, consequentemente, obstasse
as investigações sobre o
duto corruptor então vigente e do qual se serviam. E a Presidenta
Dilma Rousseff era a “pedra no
caminho” a ser removida. Como
o foi.
Fato
é que, embora não saibamos o que acontecerá daqui pra frente (em
novo trecho da delação Sérgio Machado afirma categoricamente ter
beneficiado um certo político paulista “a pedido” de Michel
Temer), não se pode descartar a possibilidade que venhamos a cair
numa nova ditadura, só que muito mais perigosa, nefasta e apavorante
que a militar: a “ditadura das togas”.
E,
se lá na Itália a “Mani Pulite” resultou em um Sílvio
Berlusconi da vida, com tudo de trágico que isso acarreta, aqui no
Brasil restarão Sérgio Moro e Gilmar Mendes. Estará o Brasil
preparado pra isso ??? Merecemos tamanho castigo ???
Alfim,
pra você, aí do outro lado da telinha, um mote para reflexão: qual
a “forma” ou “método” de tortura mais eficaz e eficiente - a
“física”, tal qual a perpetrada pelos nazistas de Hitler na
Alemanha contra os pobres judeus, ou a “psíquica”, adotada por
Moro e a República de Curitiba, contra quem tiver o infortúnio de
“descer” praquelas bandas ???
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