por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 7 de maio de 2015

Não vim trazer a paz, mas a espada - José do Vale Pinheiro Feitosa

Não tem futuro uma humanidade que entende o progresso como um faça-se você mesmo, de modo egoísta e com argumentos de uma meritocracia que justifica a exclusão. Este bate panelas que apenas estão vazias porque as empregadas domésticas já as lavaram e as guardaram.

Há uma fonte permanente de desastres e morte no sistema de acumulação de riquezas que explora outros povos de modo colonial e imperial, extraindo seus potenciais e deixando milhões na miséria. Que após o desespero de verdadeiros campos de concentrações e desgraça, como acontece na África, ainda deixa que se afoguem nas águas do Mediterrâneo.

E quando a humanidade é vítima deste vício destrutivo é preciso a revolução. Uma revolução que separe, que divida, que não pregue a paz quando a espada é necessária para superar o veneno que corre no braço que bate na panela, antes cheia, como se batesse nos pobres.

E há uma oração, de uma fonte tão universal no pensamento dos brasileiros que é preciso escutá-la para situar-se. Alguém já ouviu o que segue?

Não julgueis que vim trazer paz a Terra; não vim trazer-lhe paz, mas espada; porque vim separar o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; e os inimigos do homem serão os seus mesmos domésticos.

Ou dito de outra maneira:

Eu vim trazer fogo à Terra, e que que eu, senão que ele se acenda? Eu, pois, tenho de ser batizado num batismo, e quão grande não é a minha angústia, até que ele se cumpra? Vós cuidais, que eu vim trazer paz à Terra: Não, vos digo eu, mas separação; porque de hoje em diante haverá, numa mesma casa, cinco pessoas divididas, três contra duas e duas contra três. Estarão divididas: o pai contra o filho, e o filho contra seu pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; sogra contra sua nora, e a nora contra sua sogra.

Pois como já se deduz pelo estilo, quem não conhecia esta oração logo sabe a origem. Jesus Cristo sabia que mudar os homens gera resistência. Os privilegiados da ordem corrompida não querem mudanças, os acostumados a que nada mude não acredita nela, os que sofrem a opressão temem mais açoites.

Então Jesus sabia desde dois mil anos passados, que a mudança virtuosa gera oposição e um enfrentamento inerente. Toda revolução, enfim, busca a paz, mas intimida enquanto se realiza.  E não resta qualquer dúvida que Jesus, na qualidade judaica do Messias, aquele que redime, sabe que o saber é evolutivo e que a sua negação é causa de corrupção humana. Em outras palavras redimir, é usar o conhecimento da realidade das pessoas para oferecer-lhe uma nova ordem social de paz, de justiça e liberdade.

Se você não pensa assim, mas se diz cristão, precisa mergulhar em águas batismais. Leiam sobre estes dados:

Atualmente 3,3 bilhões de pessoas vivem em regiões com transmissão ativa de Malária. Isso compreende as América, África, Ásia e Oceania. Países mais ao sul e ao norte, incluindo a calha do Mediterrâneo não têm transmissão da malária.

Em torno de 1,2 bilhões de pessoas vivem em territórios com risco elevado de pegar malária. Existem países na África onde para cada mil habitantes 100 têm malária.

Estima-se que 198 milhões de pessoas pegaram malária em 2013 e 584 mil pessoas morreram da doença. A concentração de casos e mortes se verifica na África – 82% do total de casos mundiais e 93% das mortes.


E tem mais: quanto mais pobre é o país e sua população mais alto é a incidência de malária. A população mais vulnerável à doença: pobres, crianças, mulheres gestantes, pessoas infectadas pelo HIV. A malária se tornou a doença da exploração colonial e do avanço do capitalismo.  

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