por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 19 de abril de 2015

Rua André Cartaxo, 148


Naquele tempo, naquela rua
tinha um nome que ia e vinha,
nome de menina,
como se a rua fosse um fio
por onde passam as palavras
de um coração de angústia
numa cidade que não quer.

Tinham cartas com letras azuis
dizendo ser a saudade
uma coisa esquisita,
cortando por dentro,
e as noites de Fortaleza...
Puxa! Não lembro. Quem lembrará?

Tinha um menino que seria
um poeta sem livros,
de poemas para surdos,
poemas mudos de amor,
mas o que é o amor?

A Rua André Cartaxo foi ficando
um espinho onde o tempo cravou
os dentes e roeu lentamente
o que secaria em outras ruas
transfigurado pela distância,
por ver o que não queria,
cimento e aço, sangue e choro,
água podre e fumaça,
exílio cinzento.

2 comentários:

socorro moreira disse...

Demais!
Poema lindo!
A casa dos meus pais fica numa rua chamada André Cartaxo.
Levei um susto...
Um abraço, Chagas!

chagas disse...

Olá, Socorro.
"Rua André Cartaxo, 148" era o meu endereço no Crato. Morava em frente à garagem da antiga Viação Varzealegrense.
Um abraço.