Realçando
o clima pacífico do evento, há que se focar em constatações emblemáticas e
representativas da essência das manifestações contra a corrupção, ocorridas
ontem no país, dentre as quais poderíamos elencar:
01)
a prova ou certeza de que a nossa democracia realmente já detém fundamentos
sólidos e consistentes capazes de suportar pacificamente e sem maiores
atropelos o contraditório ou o embate entre divergentes políticos;
02)
a ignorância (pra não falar em má fé) de alguns que desfraldaram a bandeira do
“impeachment” da presidenta Dilma Rousseff, insuflados pela “tucanalhada”,
quando até uma criança de jardim de infância sabe que para se chegar a tão
extremada atitude há que se ter os instrumentos jurídicos necessários, conforme
reza a Constituição Federal; e todos sabemos que contra a presidenta Dilma
Roussef nada consta (ao contrário do “playboy do Leblon” – Aécio Neves – que se
auto-incriminou ao se considerar “homenageado” pelo Procurador da República com
a retirada do seu nome dentre os a serem investigados);
03)
a irresponsabilidade de alguns “filhotes de papai”, analfabetos e
despreparados, que sem saber as conseqüências (porque não a vivenciaram) de uma
intervenção militar - naquela de ouvir o galo cantar sem saber aonde -
desfilavam com faixas pedindo a volta dos milicos, sem levar em conta a
flagrante inconstitucionalidade da sua adoção;
04)
a desonestidade da Rede Globo em superdimensionar e anunciar com visível
satisfação dos seus repórteres o quantitativo de manifestantes presentes no ato
paulista: num primeiro momento, seriam mais de um milhão de pessoas;
posteriormente, no site da Revista Época (de propriedade da Globo) a coisa
chegou às raias da desfaçatez, ao precisar que exatos 1.123.160 manifestantes
se encontravam na Avenida Paulista (ou seja, para se chegar a tal precisão,
teoricamente os manifestantes foram contados um a um, cabeça a cabeça); só que,
com a “apuração científica” do DataFolha (metros X pessoas), a mentira
ficou às claras: foram cerca de 210 mil; e finalmente,
05)
a surpresa com o ocorrido em Brasília – a sede do Poder Central - quando
os participantes de forma consciente e espontânea decidiram protestar
exatamente em frente ao Congresso Nacional, “habitat” dos políticos corruptos e
mafiosos (e não em frente ao Palácio do Planalto ou Palácio do Alvorada, onde a
Presidenta da República despacha e mora). Traduzindo: é no meio político que os
brasilienses farejam e enxergam o suprassumo da velhacaria e da desonestidade
institucionalizada.
A
propósito dentre os diversos senadores e deputados a serem investigados, os
presidentes das duas casas legislativas – Senado e Câmara Federal – encabeçam a
lista, numa prova inconteste de que o principal antro de safadezas, corrupção e
falcatruas ali se encontra; particularmente, entendemos que não são apenas 300
ou 400 picaretas; do total de 594 parlamentares (513 deputados e 81 senadores)
com muito, mas muito esforço poderíamos livrar a cara de 10% e olhe lá (ou
alguém desconhece por exemplo que nas tais “emendas parlamentares” liberadas
para as bases, cada um deles embolsa pelo
menos 20% de cada uma; ou que praticamente em todas as eleições das quais
participaram todos receberam dinheiro das empresas hoje envolvidas na operação
Lava Jato).
Chega
de hipocrisia. Há que se achar uma reforma política que obste toda essa
cafajestice.
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