Eram muitas as Índias. Com múltiplas influências culturais.
Ao sul e ao norte. A leste e oeste. Afinal aquele grande enclave no território
asiático é um subcontinente. Que ao chocar-se com a Ásia, elevou o Himalaia,
que formou gelo, as montanhas sofreram erosão e fizeram uma grande e fértil
planície, ainda mais beneficiada pelos rios que descem das montanhas.
O Brahmaputra e o Ganges, são a vida do que é hoje a Índia.
Que é uma criação nacional do colonialismo Inglês. Poucos sabemos que a enorme
cidade de Calcutá foi fundada pelos ingleses ali onde já havia alguma
aglomeração, canais de rios navegáveis e atividade econômica agropecuária bem
desenvolvida.
As instituições ocidentais, de natureza do Estado Nacional,
terminaram dando cabo das antigas organizações políticas da Índia, fazendo dela
um todo. Multicultural. Múltiplas línguas. Múltiplas crenças, inclusive e com
muito peso o islamismo.
Agora onde se vá pela Índia há uma aura permanente, pois
ainda recente, do Mahatma Gandhi. Que foi o fundador do moderno Estado Nacional
indiano. Que não foi um só, surgido por algum dom especial. Ele é parte de um
movimento de renascimento do hinduísmo, fazendo frente ao futuro ocidentalizado
do povo indiano. Criando uma ponte entre aquele passado milenar e o presente
ubíquo.
Assim como Florença foi do Renascimento Europeu, Calcutá foi
do Renascimento Indiano ou Bengali. Figuras como Gandhi, o escritor Bankim
Chandra Chatterjee, Rabindranath Tagore, o multicientista Jagadish Chandra Bose,
o grande físico da mecânica quântica Satyendra Nath Bose (a partícula Bose é em
sua homenagem), Upendranath Brahmachari, Meghnad Saha, o músico Ravi Shankar.
No tumulto incrível das ruas de Delhi, um parque se
aproxima. Um lindo, imenso e silencioso parque. Se estende às margens do rio
Yamuna, aquele mesmo que espelha a belíssima construção do Taj Mahal na cidade
de Agra. É um parque da memória das grandes figuras da modernidade indiana.
Especialmente do Mahatma Gandhi. E não junte o local ao
corpo sepultado. Nem mesmo as cinzas. Que como cinzas se dispersam no espaço.
Mas o local onde foi cremado o Mahatma Gandhi e daí em diante muitas outras
figuras do mundo indiano.
Assim Ravi Shankar, o rei do Sitar, compôs um poema musical,
quase um cantochão para a aura permanente de Gandhi.
E por New Delhi se deparar com o monumento feito à flor
nacional da Índia: o Lótus. Assim esta construção, de um belíssimo formato e
ousada arquitetura ao som de uma música de Rabindranath Tagore.
Era um momento de garoa. Uma garoa fina. Como uma tênue
lembrança. Daquelas violentas moções que afogam aqueles que não têm respiração
aquática.
Era uma garoa fina no Templo do Lótus.
O Lótus fechado em botão: infinitas possibilidades.
A flor do Lótus aberta: a criação do universo.
Shasrapatram, o lótus de mil pétalas; Shatapatram o lótus de
cem pétalas, Amborohan o lótus que brota da água e kamalan o lótus que decora a água.
A água lodosa onde nasce o lótus é o apego e os desejos
carnais, a flor de lótus, imaculada, em busca da luz, é elevação espiritual.
A raiz na
lama,
O caule na
água,
A flor no
sol.
Representação
de oito pétalas é a orientação no espaço, harmonia cósmica.
Representação
de mil pétalas é esclarecimento, perfeição, totalidade.
Lótus azul –
sabedoria
Lótus
vermelho – amor, compaixão
Lótus branco
– pureza mental
Lótus rosa –
esclarecimento, Buda.
Os ideais
dos atributos feminino: elegância, beleza, perfeição, pureza e graça.
LÓTUS – a
única flor que se poder oferecer aos deuses ainda em botão.
A Índia é um corpo milenar navegando rapidamente as águas tormentosas da globalização.
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