Considerando o horário de verão: são 18 horas e 32 minutos
no Rio de Janeiro. A cidade entocou-se dentro de casa (digo apartamento,
abrigo, hotel etc.). Desde as 14 horas que os trabalhadores foram liberados
para retornarem aos seus domicílios em segurança.
Digo. Liberado, às vezes, para enfrentar a insegurança de
suas moradias. Neste momento há um tempo fechado. Sem qualquer sinal de
trovões, relâmpagos e outros componentes do anúncio que se tornou espera.
Espera que chegue um temporal. Inundando tudo. Derrubando
barreira. Travando o fluxo da cidade. Formando correntezas. Alagados.
Transbordando lagoas, levadas, riachos e rios.
Na espera um silêncio de automóveis. Seria a hora do rush. As
ruas principais ainda têm volume, mas muito esvaziadas. Assim como o tempo que
se antecipa a jogos da seleção brasileira no período da tarde quando todo mundo
era liberado mais cedo.
A espera do previsto. Lá pelos lados da Pedra da Gávea e
Morro dos Dois Irmãos, as nuvens se avolumam. Quando porções anuviadas intensamente
plúmbeas começarem a se desgarrar do volume principal, chegou a hora desta
gente bronzeada encontrar-se com o vaticínio.
Mas se a previsão furar? Não vier temporal? Apenas aquelas
tempestades corriqueiras de verão? O que se há de dizer do serviço de meteorologia?
Infelizmente diante de tantas mensurações, de tantos modelos matemáticos, como
se justificar ao distinto público tamanho efeito adventício.
Eis que à ciência da previsão, segura e precisa, teria chegado
ao estágio em que as imprevisões agora previstas, por outro lado passaram a
sofre os males da omissão. O imprevisto, o não acontecido do que fora previsto.
E retornamos à dúvida da imprevisão.
Mas não nos enganemos. Nós que vivemos nesta terra. A espera
continua até muito depois do que pensamos. Vejamos o anoitecer e seus mistérios
não contabilizados. Ali onde o contabilizado também perde ou ganha valor.
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