Com alguma dúvida vou meter minha colher nos textos dos
queridos Zé Flávio e Carlos Eduardo. A dúvida parte da própria ausência na
maior parte da história da minha cidade. Saí daí para estudar fora e nunca mais
voltei para ficar mais do que uma semana. Portanto sou uma peneira incapaz de
reter a realidade do território da minha própria natalidade.
Mas eles mesmo me deram elementos. Deixaram-me a impressão
que a chamada conurbação implica em aprofundar mais do que um conflito
histórico. Na cara que até hoje pairam lembranças da guerra entre Juazeiro e
Crato ainda no início do século XX. Mas esse conflito pode implicar outra
questão.
Ao invés de um conflito explícito, há implícito a negação de
que uma única cidade não é suficiente para representar o que o território conurbado
é. Inclusive é muito interessante esses aspectos pois as regiões metropolitanas
trazem espaços dedicados como zonas comerciais, industriais, parques e lazeres,
regiões dormitórios, zonas ricas e zonas pobres.
Mesmo assim os espaços dedicados estão cada vez mais se
desfazendo por um processo de integralidade urbana em que se misturam todas as funções
necessárias na vida urbana. Quer dizer no mesmo território se mesclam comércio,
empregos, moradias, lazer e assim por diante.
Quero dizer que a conurbação leva consigo o desejo da
integralidade urbana. As cidades que a compõem serão interpenetradas pela
mobilidade urbana, dependerão de suprimentos essenciais na escala conjunta e a
vocação nunca será um fenômeno per si. Ela sempre dependerá das necessidades e
demandas conjuntas.
Por isso mesmo o próprio conceito de metropolização e
conurbação se deita na capacidade de se compor a realidade conjunta através da
identificação, do planejamento e consecução da integralidade de serviços e
necessidades onde as pessoas vivem e trabalham. Essa é a grande questão.
A grande questão é descentralizar, espalhar equipamentos
urbanos em todas as cidades e bairros. Romper concentrações, especializações e
vocações. Todos os sonhos urbanos cabem na rua em que as pessoas vivem. Quem na
minha cidade não tem consciência da situação desigual entre o Bairro Gisélia
Pinheiro quando comparado um bairro de classe média?
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