John Kerry vai à Indonésia e diz que o Aquecimento Global é
uma arma de destruição em massa. Importante salientar: John Kerry não emite
opiniões pessoais. Ele representa os Estados Unidos da América (EUA).
Mas aí ficamos todos sem entender bem o que acontece. Quem
não se recorda das posições políticas dos EUA em relação ao Protocolo de Kyoto
(2005) que era uma tentativa de reduzir as emissões de carbono? E as posições
americanas na Conferência do Clima em Copenhague (2009)?
Se você não recorda, os EUA sabotaram literalmente estas
duas grandes tentativas de uma política mundial para o clima. E agora prometem
uma “bomba atômica” sobre o resto da humanidade? Esse angu tem caroço. E dos
grandes.
Se temos que enfrentar um grande problema temos que atacar
primeiro a dimensão de maior impacto. Por isso as emissões teriam que se reduzir
mais drasticamente em quem mais polui: EUA, União Europeia, China e por aí vai.
Até quiseram botar culpa nas queimadas da Amazônia e inclusive nas pastagens
bovinas, mas isso não tem igual relevância.
A análise do momento atual da história é que há uma crise
geral do sistema capitalista composta por um conjunto de várias crises
diferentes e de natureza global (não é apenas de alguns países): não é apenas
econômica e nem financeira, ela é uma crise da relação com a natureza, do sistema
alimentar, de energia, climático e por aí vai. Enfim é uma crise global que
envolve o equilíbrio entre o metabolismo da humanidade e o metabolismo geral da
natureza.
Os EUA têm enorme poder de condução sobre as demais nações,
mas continuam a ter os graves problemas de sua origem. Mesmo quando dão a mão para
ajudar alguém sempre intentam as vantagens próprias. Eles formaram a cultura do
individualismo que se expressa em todas as suas instituições e em suas
políticas mundiais (em sua cultura).
Os EUA antes de tudo. E não caiamos na arapuca de achar que
os pobres são individualistas só porque querem sobreviver. Salvar a própria
pele. Estamos falando do individualismo qualificado, aquele que passa bem, gera
desgraça e exploração e continua na corrida para acumular sempre.
A arma de destruição em massa pode se encontrar no
crescimento da China, num rearranjo da economia asiática, mais coordenada entre
si e menos dirigida pelo ocidente. Quando se diz que o próximo milênio é aquele
do Pacífico, aponta-se um norte para o futuro e é a este futuro que teme os EUA,
embora tenha uma grande costa para esse oceano.
Estamos assistindo à grande hiena no seu grito risonho para
mastigar a carcaça das vítimas. A crise atual não apenas teve seu núcleo
irradiador em Wall Street como é lá que o modelo do capitalismo vitorioso e
hegemônico foi forjado e implementado. Quando tudo, afinal, virou mercadoria,
não restou mais nenhum espaço comum para que a humanidade criasse a civilização
do equilíbrio.
A esse processo que alguns chamam o espírito selvagem do
capitalismo é sempre predatório, numa volúpia de ganhos e mais ganhos, numa
desregulamentação geral ao mesmo tempo que cria um privilégio absurdo e
regulamentado para uma elite extremamente rica e poderosa. É o que se chama de
capitalismo de modelo Anglo-Saxão.
Se formos contar mortes nesse processo, as biografias dos
líderes mais sanguinários ou dos regimes que mais mataram, não chegam nem aos
pés do que continuamente acontece por violência com mortes e danos
irreversíveis aos seres humanos.
2 comentários:
Zé do Vale
Creio que o "Tio Patinhas" encana como ninguém o espírito americano do individualismo e do mais puro capitalismo. Esse texto é muito proveitoso para uma reflexão.
Abraços!
Carlos, se acompanharmos as análises mais diversas que circulam, mostram um recrudescimento da política imperial americana no território da Europa e da América Latina. O uso do dólar que é o que resta de um sistema monetário, as armas, a ação de desestabilização têm os EUA pro trás: na Venezuela, contra Cuba, Bolívia, Equador, Líbia, Síria, Irã, Ucrânia, Coréia, na África e por aí vai. As soluções das grandes crises do capitalismo sempre foram pelas guerras extensas e genocidas. Como é uma observação consistente, ficamos o tempo todo buscando sinais que demonstrem isso.
Ainda não encontrei o nosso Zé Esmeraldo, é incrível mas nestas megalópolis não vivemos na mesma cidade e tampouco noutra. Vivemos em canais que sintonizam e não sintonizam as pessoas. Vou me afastar uns dias do Rio, mas ao voltar vou forçar uma sintonia.
Abraços
José do Vale
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