Uma
multidão nestes túneis de vai e vem incessante. Sem nunca descansar. O
formigueiro é o universo em criação. Na entranha da superfície com uma rede de
comunicação entre os buracos de saída ao exterior. De onde continuamente o
sobrepeso é transportado, preso à tesoura, encalcando as pernas frágeis mais ainda
contra a gravidade. Quanta resistência por vencer! Quantos esbarrões no trajeto!
Ainda mais com o peso da carga que transporta. Dos altos galhos das árvores até
as profundezas do formigueiro. Continentes a transpor sobre as magras pernas
que se movem com a velocidade de um motorzinho nervoso. Tanta coisa por viver.
E
o olhar indiferente aos sapatos que esmagam a insignificância da formiga na
estrada do viver humano. Um James Bond ousado e detalhado em artimanhas. Tanta
coragem de viver e uma lista enorme de feitos, cada um mais minucioso, em
avanços tecnológicos e na supremacia da inteligência. Uma vida de milhões de
minutos avante da história da formiga. Basta comparar o tempo disponível para
tanto viver e com isso excluir as formigas das possibilidades da lembrança e da
identidade.
No
passo lento a tartaruga desdenha a pequena fração de vida de James Bond. É tão
pouco. Pouco mesmo. O máximo que consegue é examinar as ruínas de tempos
remotos e viver a ruina do próprio tempo. E a cinegrafia balança entra a
memória e o testemunho da fugacidade de James Bond.
Um comentário:
às vezes é tão pesada a carga do viver...
Aí a gente recorre àquelas asas que o cinema guarda nos seus esconderijos.
Vc , escritor, é o moinho de vento que sopra nossa vontade de reachar alegrias e voar por aqui, por ali...
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