PATATIVA, D. HÉLDER E
O CASO DO PADRE HENRIQUE – por Joaquim Pinheiro
Em 1969, O Pe. Henrique Pereira,
29 anos, foi sequestrado, depois de barbaramente torturado, amarrado em uma
Rural Willis e arrastado pelo asfalto até a morte. Seu corpo, totalmente
desfigurado, foi abandonado na cidade universitária da UFPE, no bairro da
Várzea, em Recife. Os criminosos, ligados aos órgãos de segurança da ditadura, tinham
dupla intenção: amedrontar D. Hélder Câmara, a quem o Padre era diretamente
ligado, e inibir ação política dos Estudantes, uma vez que a vítima coordenava
a pastoral da juventude.
D. Hélder Câmara denunciou o
terrorismo nas Igrejas, deu entrevistas, mas a notícia não repercutiu como ele
gostaria. A censura não permitia que os órgãos de imprensa divulgasse a monstruosidade.
O Arcebispo de Olinda e Recife
percebendo que a literatura de cordel ainda não fora alvo dos censores, mandou
contatar diversos repentistas para contar a terrível história em versos e dar
conhecimento à população. Ocorre que poetas de Pernambuco, Paraíba e Alagoas
consultados recusaram o desafio com medo da repreensão do governo. D. Hélder,
então, pediu a duas freiras que se deslocassem até o Crato, procurassem Patativa
do Assaré, contassem os fatos e encomendassem o cordel. O desfecho foi uma
prova da genialidade e grandeza de Patativa:
- Não aceitou pagamento;
- Não concordou com a sugestão de
usar pseudônimo;
- produziu a poesia na hora,
atendendo o desejo de urgência de D. Hélder, permitindo o retorno das freiras
no mesmo dia.
3 comentários:
Joaquim, com textos curtos tem nos dado bons presentes. Será que a nossa querida Stela não poderia publicar o cordel em capítulos por aqui?
Boa ideia. Estamos interessados no cordel.
Abs
Stela,
Também fico aguardando a publicação do cordel.
Abraços
Aloísio
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