por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Uma Casinha Branca Reluz a Lua e Eu, um Anjo Azul, um Sonho de Ícaro e Mel. - José do Vale Pinheiro Feitosa

Cassiano,  A Lua e Eu

Biafra, Meu Sonho de Ícaro

Ai pelos anos 80 surgiu no panorama da fonografia nacional um tipo de voz masculina que invertia o padrão prevalente na referida mídia. Na verdade o disco é uma fonte maravilhosa para se observar como a história e o papel social das pessoas se modificam através das mudanças na música e, claro, dos intérpretes, seja pelos arranjos musicais, pelo instrumental ou pela voz humana.

A mudança tem dois sentidos básicos: um geográfico e outro cronológico. O geográfico é decorrência das migrações, das viagens internacionais, da universalização do cinema, da indústria fonográfica junto com o rádio e a televisão. Se fosse fazer uma imagem essa seria uma mudança horizontal, que ocorre no território, tal qual foi a influência do Jazz, da música brasileira, do tango Argentino, dos ritmos caribenhos e assim por diante a influenciar povos à distância.

A outra mudança é cronológica e, como imagem, seria vertical. Não no sentido hierárquico, mas no sentido de superação de intervalos prevalentes no tempo tanto em estilos, como temas, ritmos e arranjos entre outros. É a esta mudança que me refiro quando apontei a mudança na voz masculina dos anos 80.

O vozeirão empostado fora superado ali pelos finais dos anos 60. Com a emergência das revoltas estudantis, das revoluções na América Latina (e dos golpes políticos), o fim do colonialismo na África e Ásia, veio outro tipo de voz de natureza libertária, iconoclasta, discursiva e convocatória. Era uma voz mais coloquial, na aparência, própria para o palco e os eventos de massa. É preciso considerar que numa sociedade ampla como a humana, os estilos cronológicos se sobrepõem em simultaneidade, enquanto se tinham as vozes masculinas especialmente em conjuntos na Jovem Guarda, igualmente havia a voz da música brega popular com os “bolerões” ainda a recordar os anos 50 e 60.   

Mas nos fixando nas vozes masculinas da canção brasileira dos anos 80. Eram vozes de tino abrandado, na fronteira do padrão feminino, com fraseado melódico de um menino bem educado e protegido pela família. Mesmo quando tocavam assuntos críticos, o faziam como um bom menino diante da avó, a servi-la com um copo de água para descolar um ingresso para o cinema.

Não era, portanto, o menino santo: havia um interesse subjacente em seu “devotamento” familiar. E certamente não eram interesses retardados, eram desejos a serem satisfeitos logo a seguir. Isso também não é uma ilha brasileira, se buscarmos a melodia internacional, mesmo não romântica, vamos encontrar tal padrão.

No caso brasileiro lembro alguns nomes: Biafra, Dalto, Cassiano, Marquinhos Moura, Gilson, Hyldon, Marcos Sabino entre outros.   
 Gilson, Casinha Branca


Marquinhos Moura, Meu Mel




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