por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



sexta-feira, 6 de julho de 2012

Madrugada

Sob o insonoro firmamento,
as luzes confrontam o sono,

contorção de sonhos acanhados
na música do relógio.

Rompe-se o silêncio com arranhões,
perfura-se a carne das horas

com nota única, o que passa
e já não é, senão sombras misturadas
à noite, na avenida lá embaixo.
O céu menor que a solidão.
O frio veste o corpo,

faz-se luvas nas mãos inábeis
em tecer encantos, galopar
a suavidade das teclas.
Mãos alheias à vibração

de cordas que alcançam
o coração
em melancólicos acordes.
Barulho de mar não tem aqui.
Um choro amargo de novo

em suas moradas? Não sabemos.
Seres cativos dessa noite,
cercados, sem brecha,
aguardamos a manhã saltar

sem clamores, nem temor