Qual a importância do Prefeito do Crato? Ser maior do que o
passado e igual ao presente para afrontar o futuro que os povos do litoral
impuseram à região. Quando falo em maior do que o passado não é bem o que logo
nos vem à mente: não falo em abandonar o passado, é justamente o contrário, é
não desistir do núcleo político, cultural e social que formou a região e
entender que as famílias tradicionais que estiveram na origem do
desenvolvimento territorial, hoje perderam
a identidade para ser isso.
Quando falo em ser igual ao presente é para dizer que esse núcleo
precisa retomar sua jornada e sua liderança, construindo o desenvolvimento
sustentável do ponto de vista ambiental e social e dando vigor à região.
Afrontar o futuro é ter o próprio eixo de desenvolvimento independente da
burocracia do Estado que só pensa em atrair turismo e galpões industriais para
montar produtos que tanto poderiam ser produzidos aqui como em qualquer parte
do mundo.
Fora o mito político em que se transformou, poucos se dão
conta do que foi Miguel Arraes para Pernambuco. Ele simplesmente recolocou
Pernambuco na referência nacional e ao criar um caráter de resistência ao velho
modelo de desenvolvimento para meia dúzia, se tornou o principal líder
nordestino a apontar a sociedade de massa em que o Brasil se transformaria.
Por isso o prefeito do Crato tem tanta importância para o
Cariri e toda a bacia sedimentar do Araripe, incluindo parte importante de
Pernambuco, Piauí e do Ceará, como os Inhamuns. E qual a importância deste
prefeito e não de qualquer outra cidade?
Em primeiro lugar por derrotar a própria resistência do
Crato ao viver uma eterna política oligárquica. Núcleos familiares que apenas
se renovam para se aproveitarem da evolução malsã da política nacional: o
compadrio, o fisiologismo, a compra do voto, lideranças forjadas para serem bajuladores
da oligarquia e servir a ela ao invés do grande conjunto da sociedade sem representação
real nos poderes políticos da cidade.
Em segundo lugar olhar além dos arranjos administrativos e
dos “por-baixo-do-pano” da maioria na câmara e o empreguismo sem norte. Olhar
além significa ser parte da política ambiental e se meter nos órgãos federais e
estaduais até para lhes dar força. Se tornar irmão siamês das Universidades e
Escolas Isoladas para juntos pensarem a região e seus problemas.
Ser o verdadeiro porta voz das massas dos bairros populares
para lhes dar um padrão de qualidade negociado em políticas de educação, saúde,
segurança, saneamento ambiental, vias públicas e áreas de lazer e cultura.
Criar políticas que sejam verdadeiras revoluções no mundo moderno:
universalização digital, centros de conteúdo para reflexão pública,
observatórios para acompanhar as modificações no comportamento democrático, nas
transformações ambientais, em fatores de risco para as políticas públicas,
detectar populações em situação de risco.
Ter o ser humano como o centro e o palco da construção das
políticas públicas, significando o reforço da manifestação pública e dos
agentes sociais e subordinando a tecnocracia e a burocracia a ser um meio sem
qualquer poder a não ser servir ao povo. As grandes questões econômicas, como a
atração de empresas com seus capitais, o exercício de como hoje estas empresas
operam na região, devem se subordinar ao bem comum e a um modelo de ser próprio
da região mediante suas vulnerabilidades e potencialidades. A questão do
pequeno produtor, da pequena e média empresa deve se colocar no centro do
desenvolvimento da renda regional e da geração de emprego.
O prefeito do Crato tem um papel central, só os eleitores da
cidade é que não conseguiram se libertar, até agora, do padrão secular de uma
política doméstica que não avança além do terreiro enquanto suspira no fundo do
quintal. Volto à referência de liderança: Miguel Arraes soube entender Pernambuco
porque foi além da inerte e decadente oligarquia da zona canavieira.
E por falar nisso quem são os candidatos a prefeito da
cidade? Alguém tem porte para revolucionar a cidade e se tornar um líder
regional?
12 comentários:
Texto Sensacional!
Ainda não existe definição de candidaturas.Logo mais ...
Jarbas Vasconcelos esse é que foi o motor do desenvolvimento de Pernambuco. Esse foi o político que corrigiu as distorções do malsinado último governo de Arraes. É preciso cautela ao se falar em líder paradigma para prefeito do Crato.
Cautela sempre é bom e vozes discordante, não precisa ser anônima, ainda melhor. O que não pode é deixar tudo no mesmo. Agora uma coisa: eu falei da história de Arraes para Pernambuco. Jarbas é uma referência do Estado, um pouco mais porém não tanto do a galeria de fotos do Palácio das Princesas.
A paixão cega e embasa o raciocínio. Qualquer pessoa que vá ao Cariri cearense vê, percebe e pode constatar por dados estatísticos do próprio Estado que a cidade de Juazeiro é, atualmente, a primeira cidade do Ceará. Então expor que o prefeito do Crato tem mais influência geo/política na região circuvizinha do que o de Juazeiro é puro bairrismo destituido da real visão da vida real. Mais ainda, o progresso do Juazeiro se deve, justamente, por uma política industrial desenvolvimentista. A receita do articulista, data venia, ruiu desde a queda do muro de Berlin e do cumunismo radical. O socialismo do futuro rejeita nostalgia da cortina de ferro, o mundo é aberto ao livre capital e os que persistem no caminho da perdição se tornam uma Venezuela e Cuba. O Crato não pode cair nesse engodo!
O que é um líder? Existe relação direta, na democracia, do voto do povo de um Estado? Entre dois líderes, que tem mais liderança numa eleição direta: o eleito ou o derrotado? Na última eleição entre JARBAS X ARRAES a derrota do último foi acachapante, a maior diferença de votos ocorridas em Pernambuco em toda a sua História político/partidaria.
Eu sei, mas não devia...
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.
As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.
Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.
Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.
(Marina Colasanti)
Meu caro anônimo (a)data venia a cegueira de leitura volto a teimar que o Crato é importante pelo que não é atualmente e pela raiz que não seca. Juazeiro do Norte não é um em si, nem líder e nem subordinado, mas o prefeito do Crato faz toda a diferença. Como pediu-me cautela, faço o mesmo sobre este modelo de"desenvolvimentismo industrial". Sobretudo para a região, isso sim, inclusive o grande raio que ultrapassa a Chapada (outros estados) e o interior cearense tem muito de necessidade em unidade política de desenvolvimento. Acho que é preciso ir além desta disputa de futebol, Arraes independente de ter sido alguma vez derrotado por Jarbas ou não ter podido se candidatar após o exílio por Marcos Freire continua a grande referência a repor Pernambuco na agenda histórica do país. Jarbas não era nada politicamente quando Arraes já tinha feito isso. Agora pelo tom anticomunista e antissocialista de sua fala e estas táticas de atacar o fígado com quem se debate eu até já imagino onde se localiza esta anonimosidade (a mistura de anônimo com animoso). Aliás retornando ao texto original: onde foi mesmo que as receitas do texto caíram, no muro de Berlim ou no Neoliberalismo?
Nobre articulista das batateiras
Para mim será o fim da dialética sobre liderança. A afirmação "Jarbas não era nada politicamente quando Arraes já tinha feito isso" vai de encontro a natureza humana. Jarbas era um adolescente, recém saído da Universidade Católica de Pernambuco, membro do Diretório e forte combatente da ditatura, com seu título de barachel, ao tempo que Arraes já era governador. Premissa de conclusão: era de encontro a lei da natureza a inversão da ordem dos fatores. Mas o aluno superou o mestre!
Com relação a via de desenvolvimento do Crato, aí devo reconhecer, o neto de Arraes soube aproveitar o momento político das espúrias alianças do PT (Partido da Corrupção)e deu impulso ao desenvolvimento industrial do Estado. As fábricas da China (caminhões, bicicletas)estão em fase de montagem, a FIAT, o estaleiro, a indústria naval, a refinaria estão em andamento. Os empregos abundam, mas faltam operários capacitados nordestinos, as portas são abertas para estrangeiros e sulistas (houve uma inversão no fluxo migratório de nordeste/sul para sul/nordeste). Voltando ao texto original, pergunto para concluir: Sem a política neoliberal de FHC teria havido esse desenvolvimento? Evidentemente que não!
Coisas do PT e do LULA:
Talvez, devido à índole indígena do governo boliviano, têm-se sucedido atos de intolerância e agressividade ao Brasil por parte daquele país. Anos atrás, durante o governo Lula, Evo Morales expropriou duas refinarias da Petrobras, estabelecendo um preço vil por estas. Lula, com seu espírito por demais conciliador, nada fez contra tal expropriação, ficando a Petrobras com o prejuízo. Semana passada, o excelente time do Santos, para mim, o melhor do Brasil, na atualidade, foi vítima de pesadas agressões em La Paz, o que acarretou sua derrota para o medócre time do Bolívar pelo placar de 2 x 1. Neymar, o maior craque do time, sofreu agressões físicas e racistas, o que afetou o moral de todo o time, além dos problemas causados pela altitude (em torno de 3.600 m acima do nível do mar). Agora, conforme relata a reportagem abaixo, brasileiros estão sendo violentamente expulsos de suas terras, na fronteira, pelo exército boliviano. "Quousque tandem ?" - Indagariaria o grande Cícero diante desses episódios. Esperemos que a presidenta Dilma aja com a energia necessária no sentido de coibir tais abusos. Afinal, o Brasil é o maior e mais importante país da América Latina e merece respeito.
Coitado de quem defende a figura de Jarbas Vasconcelos. Ele é um fisiologista que se aliou à ultra-direita do Estado para se eleger.
Coitado de Arraes que em anos de campanha foi boicotado pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso, que não liberava as verbas devidas ao Estado de Pernambuco. Isso porque Arraes nunca concordou com o regime do toma lá dá cá!
Nem sequer, parcialmente, liberou os recursos oriundos da venda da estatal CELPE, prejudicando propositadamente a administração do Estado. Verba essa utilizada no Governo de Jarbas, apenas para duplicação da BR 101, no trecho que liga Recife a Caruaru.
Ainda na eleição de Jarbas, registram-se suas alianças com as elites mais conservadoras de Pernambuco.
O que ele chamava pejorativamente de PEFELÊ, passou a ser seu aliado. Essas lideranças conservadoras e retrógradas o levaram ao Governo do Estado.
Esse é Jarbas, fisiologista e omisso do Senado Federal.
É fácil falar no anonimato...!
(Rogério)
Meu caro anônimo eu juro a você que daqui para o fim deste milênio ainda vamos libertar a Batateira desta oligarquia que destrói até canal de rio, tomando algumas providências importantes: quem tiver sobrenome medonho será evoluído para Bomdança; quem for Alencar será mais Araripe; não teremos jamais fronteira com Farias Brito; adotaremos um Forró Eletrônico como hino libertário; Jazz e Música Clássica será considerada coisa de burguês integrista e boas fotografias serão submetidas à censura do fotoshop para que beleza alguma vá além das fronteiras da Batateira. Se o senhor ainda for vivo, mesmo que com a sua bengala já comida de cupins, iremos fazer-lhe uma grande homenagem por nos despertar o fervor patriótico. Além do mais vamos radicalizar ainda mais o vosso perfil patriótico: lerá 52 mil números da revista Veja, chupará uma carrada de limão e beberá alguns litros de fel para combustível de vossos argumentos. Mas que os defensores dos direitos humanos não venham acusar a Batateira de comunista e torturadora: apenas daremos natureza à natureza gloriosa desta verve reacionária caririense. Até já estava com saudade deste personagem anônimo. Até me lembra uma dupla de repentistas da minha infância formada por um vereador e um articulista cujo coração batia junto ao edil de sua eleição.
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