DOIS POEMAS DE MANUEL BANDEIRA
A ESTRELA
E O ANJO
Vésper em
cuja ardência não havia a menor parcela de sensualidade
Enquanto
eu gritava o seu nome três vezes
Dois
grandes botões de rosa murcharam
E o meu
anjo da guarda quedou-se de mãos postas no desejo insatisfeito de Deus.
(Neste
poema é a estrela da tarde, Vésper, a personificação lírica e metafórica do
êxtase amoroso. No entanto, é só o corpo que vive essa plenitude, o “desejo
insatisfeito de Deus” só alma o realizará “Só em Deus ela pode encontrar
satisfação” (Arte de amar - poema de
Bandeira).
Vi uma
estrela tão alta,
Vi uma
estrela tão fria!
Vi uma
estrela luzindo
Na minha
vida vazia.
Era uma
estrela tão alta!
Era uma
estrela tão fria!
Era uma
estrela sozinha
Luzindo
no fim do dia.
Por que
da sua distância
Para a
minha companhia
Não
baixava aquela estrela?
Por que
tão alta luzia?
E ouvi-a
na sombra funda
Responder
que assim fazia
Para dar
uma esperança
Mais
triste ao fim do meu dia.
(O poema
A estrela é lindo e triste! As palavras, magistralmente cadenciadas nos versos,
configuram a tristeza e a desesperança do poeta que vê a estrela tão alta e tão
fria cintilando a solidão da sua noite, da sua vida.)
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