Chico Feitosa numa entrevista feita em conjunto com Durval Ferreira ainda no anos 90.
No dia primeiro de janeiro de 1935 nascia no Rio de Janeiro Francisco Libório Feitosa. Uma das estrelas da Bossa Nova. Dos primórdios, a bossa nova não foi apenas Garota de Ipanema, muito mais do que faixas de disco, uma voz e um violão, foi um movimento telúrico vindo da consolidação da classe média do pós-guerra, mas sobretudo, das raízes profundas do Rio de Janeiro. Não por acaso Chico Feitosa nasceu na rua do Riachuelo, onde a cidade viu João Pernambuco, por onde os músicos passavam. A vida da cidade corria.
Não sei se o Crato sabe, mas este homem, que era carioca da gema e aqui faleceu, que deu vida à cidade tinha uma banda vinda do nosso Ceará, dos Inhamuns. Chico Feitosa era filho de Alain Libório Feitosa, irmão de Pedro Libório Feitosa, pai, entre tantas pessoas destacadas da cidade, de Salete Libório. Salete é prima em primeiro grau de Chico Feitosa. Alain saiu da Aiuaba e veio fazer a vida por aqui, onde se tornou policial e quando o conheci estava na Polícia Federal. Alain tinha uma irmã que morava por aqui também e aqui faleceu, era a mãe de uma pessoa muito conhecida no Crato, caracterizada por um humor excelente e um grande brincalhão e gozador: Liborinho, casado com Diva ambos tinham um pequeno comércio em casa mesmo.
Chico Feitosa tem uma canção feita em parceria com Ronaldo Bôscoli que foi tão expressiva para sua carreira de músico que passou a ser chamado de Chico Fim de Noite a partir de uma brincadeira de Menescal. Era música na expressão da palavra e tinha uma voz muito boa. Já em 1956, Chico Feitosa frequentava as reuniões musicais no apartamento de Nara Leão, amigo de Ronaldo Bôscoli com quem fez vária canções. Neste ano foi assistente de produção do "Orfeu da Conceição", de Vinicius de Moraes, de quem também era secretário.
Em 1958 foi repórter do caderno de variedade do jornal Última Hora e participou do show de bossa nova no auditório do Grupo Universitário Hebraico, ao lado, entre outros, de Sylvinha Telles, Nara Leão, Carlos Lyra e Roberto Menescal. Neste ano sua música "Sente" em parceria com Ronaldo Bôscoli) é grava por Norma Bengell. O Coral de Ouro Preto gravou "Fim de noite", daí advindo seu apelido de Chico Fim de Noite. Dóris Monteiro gravou Fim de Noite. Trabalhou na revista "Sétimo Céu", participou dos shows de bossa nova realizados no Rio de Janeiro. Esteve no famoso "Festival da Bossa Nova" realizado em 1962 no Carnegie Hall (Nova York, EUA), interpretando a canção "Passarinho", de sua parceria com Marcos Vasconcelos. Ainda nesse ano, sua canção "O amor que acabou" (c/ Lula Freire) fez sucesso na gravação do Tamba Trio.
Em 1966, gravou o LP "Chico Fim de Noite apresenta Chico Feitosa", lançado pelo selo Forma. Suas canções feitas em parceria com Bôscoli, Luiz Carlos Vinhas, Nonato Buzar, Marino Pinto, Marcos Vasconcellos, entre outros compositores foram gravadas por Sérgio Mendes, Luiz Bonfá, Baden Powell, Pery Ribeiro, Alaíde Costa, Elza Soares, Wilson Simonal, Tim Maia, Maysa, Elza Soares, Maria Creuza, Marisa Gata Mansa, Tamba Trio, Sérgio Mendes e Maria Bethânia.
Algumas canções de Chico Feitosa: Fim de Noite, Meu Jeito Novo de Amar, O Amor que Acabou, Amor incopado, Bom barquinho, Canção do olhar amado, Castigo, Cheirinho, Complicação.
Faleceu no dia 31 de março de 2004.
PS - Existe um outro músico chamado Chico Feitosa, nascido em Oeiras no Piauí.
De todas as versões da Fim de Noite e foram tantas, esta foi uma das melhores na voz de Maysa Matarazzo.
Um comentário:
Muito interessante!
No Crato não sabíamos dessa história.
"Fim de Noite" é uma das raras músicas que eu consigo cantar.
Gosto da linha melódica de todas essas músicas.Casam direitinho com as minhas emoções.
Valeu, José!
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