Velho, sozinho e doente é assim o fim de muita gente.
Dá pra evitar alguns contratempos... A solidão, por exemplo. Aprender a viver não se aprende vivendo. A natureza do homem morre ingenuamente.
Hoje foi um dia fatídico. Meu coração amanheceu planejando uma pequena viagem e, por intuição eu desejava mais um e último encontro. Convidei até Nicodemos pra me acompanhar,
levar o sax pra conversar com um violão, numa cidade do interior do Ceará. Vinha sonhando com certo amigo que me encantou por muitos anos com a sua voz e o seu violão. Muitas músicas me faziam lembrá-lo, como as de Nelson Cavaquinho, Cartola, Paulinho da Viola, Chico e Francis Hime.
Conhecemos-nos em 1980, numa manhã de domingo. Quando ele tocou a primeira canção, de Luiz Melodia, dei um salto, cruzamos o olhar, e nos apaixonamos.
Deu trabalho me desapegar. Trocou-me pela cerveja gelada, pela noite, outras estrelas... Até que deixei que voasse.
Ano passado, telefonou de surpresa, declarou sentimentos, e atendeu meu pedido musical: “Violão Vadio”. Prometeu que ainda me visitaria no Crato, e eu imaginei uma serenata de amigos.
Hoje contatei seu tio para anotar o endereço. Queria visitá-lo, levar de presente um CD do Guinga. A resposta foi abrasiva: “Ele não vai receber seu presente. Sérgio faleceu, mês passado.
Silêncio.
Era mais jovem do que eu dois anos... Ele quis morrer, antes do tempo!
Obrigada Sérgio pela voz e dedilhado que tanto me encantavam...A mim, e a quem te escutava.
2 comentários:
Nesses momentos a gente se promete nunca mais adiar a decisão de fazer uma visita a alguém querido. Amanhã pode ser tarde... Imagino a tua angústia, mas acredite, ele recebeu o teu presente. Sinta-se abraçada!
Obrigada, minha querida.
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