Que ao leitor jamais seja permitido curar-se. As palavras devem abrir uma ferida permanente na carne do leitor e tu cuidarás para que ela não sare. Há meios eficazes para isto. Pega-se um estilete de ponta muito fina, remove-se um pequeno pedaço da casca que se sobrepôs à pele e fechou o corte, criando um empecilho: a pedra na porta do túmulo. Não tenhas piedade, só um pouco de delicadeza, assim, mansamente, arranharás a superfície rosada que aparecerá por baixo daquela diminuta porção de casca que levantaste; daí espera-se que o sangue aflore, aperta-se um pouco a carne, se preciso, para que o sangue escorra, estanca-se com um chumaço de algodão o sangue, pois não é bom que o leitor fique debilitado e sob hipótese alguma que ele morra.
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