por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Por José do Vale Pinheiro Feitosa


Se aqui dissesse da grande saudade que tenho da paisagem do sítio em que nasci. Sua vida arcaica, suas histórias que pareciam uma ampulheta: o tempo corre, mas vejo simultaneamente o gargalo por onde ele escorre, o monte de seu passado se formando e o futuro acima ao curso do presente.

Ampulheta é o instrumento por excelências desta filosofia que perdura, mantém-se como uma saudade imensa daquele Crato que tão vivo me sufoca o respirar. A ampulheta que nega todas as categorias desta banalidade moderna, fugaz, que parece esquecer numa dormência de velhice a ameaçar-lhes a juventude. A ampulheta é algo impressionante. Basta que se inverta sua base para que imediatamente o passado acumulado se torne o futuro escorrendo para o presente a formar o passado.

Se aqui dissesse da grande saudade que tenho do Sítio Batateira e da cidade do Crato o quê pensariam do natal? Desta festa do alvorecer? Dos dias até que se conte o ano novo? Desta renovação que liga o presente ao futuro? Saudade não rima com natal, mas a minha é mesmo desta cidade, não apenas da idade, mas de toda a festividade que é milenar e se traduz na mesma (como é da natureza da saudade) eternidade de um menino que se diz Deus.

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