POEMA MELANCÓLICO
Os telhados estão melancólicos, debruçados na beirada
das montanhas. As cigarras,
sonhando
um mundo livre de sanhaços,
quebram
as vidraças. O melro gostaria
de tocar
piano,
as teclas pretas e brancas convidam. Não é tempo das lágrimas
do arco-íris. É o tempo
dos girassóis,
das abelhas zumbidoras,
dos carrapatos
e das urtigas. Um soldado ergue um fuzil, aponta e atira. Uma pomba
cai morta.
Uma criança
cai morta.
As armas foram feitas para matar. E matam, sem piedade. Cumprem
sua função.
Um caranguejo anda de lado, medindo o terreno com suas
grandes pinças. O caranguejo
é triste. É triste
como uma caranguejola.
J. C. Brandão
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