Minha poesia é pretenciosa
Inventa um Natal em outubro
Pede emprestado , o olhar de Pachelly ...
Mistura-se na argila da estrada
Pisa em folhas brancas da saudade
Na argamassa das palavras
constrói barracos de papel...
Desarrumada nos cipós e calhas
pede inclusão na paisagem ...
No escuro que o luar invade
esconde a timidez
Ilumina de falas, a casa.
Falta querosene na lamparina da sala
O fogão de lenha queima,
gravetos catados,
na beira da alma
.
Meu quintal tem um balanço,
onde brinco com meus sonhos
Minha rede sempre armada,
tem no vento um aliado...
Quando ele chega,
abro a janela da vida ,
e canto uma moda antiga ...
Pra que as estrelas se encantem,
e me apanhem com seu brilho.
Inércia
.A cantiga da chuva começa a ficar monótona.
Saudades dos meus óculos de sol.
O retiro que se indefine, encharca-se de uma preguiça nostálgica. As distâncias vão instalando valas ... Os abismos aprofundam-se. Nossas próprias águas avoluma-se , e nos asfixiam.
Olho para o céu ... Esse tempo nublado me deixa careta, e desapaixonada.
Meu amor platônico auto-deletou-se !
Meu amor virtual dorme antes e depois de mim.
Meus afetos reais ocupam-se dos seus dramas pessoais ...Não tocam... Se entocam !
A casa de janelas abertas ferrolha a sua porta. A vida consome-se lenta e corrosivamente. O tempo arranca meu velho papel de parede, num vendaval insubmisso. Pesam-me os pensamentos, e essa virada do tempo.
Caras desmotivadas e assaltadas por todas as angústias do mundo, impostam-me máscaras. Alegria sem eco...Tristeza sonora, como um disco arranhado ...Pinga em gotas...Conta-gotas ...Lágrimas da Terra.
Sinto que o os mensageiros de todas as novas estão a caminho. As mudanças aleatórias virão ! Esse aperto no peito explodirá um jeito verde de enxergar a vida .
Casa silenciosa , abandonada pelas baratas, pessoas e paixão. Meus tamancos zuadam pela escada interna .Passeiam nos recantos selados e desmemoriados. Lá fora a cidade corre. Meus templos são as calçadas ... Empoçadas , espelham um céu e um momento gris.
Vou e volto para os algodões ( verde - água) dos meus lençóis desarrumados pelo tormento dos sonhos. Pernas cruzadas, olhar .
Quando a minha energia voltar vou inverter a posição das telas do meu quarto, polir as lembranças;inocentá-las de todas as dores... Retirar essa energia senil .
É confortável o silêncio do corpo. O meu silêncio só abre a boca, quando encara a vida , e sente-se feliz !
Socorro Moreira
Nenhum comentário:
Postar um comentário