por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Enjôo da Folha de São Paulo com as manifestações dos seus leitores em relação à doença de Lula - sobre a coluna de Gilberto Dimenstein

Publicado na Folha de São Paulo este texto revela o comportamento de certas pessoas na internet. Profunda aversão ao contraditório e inimigos violentos dos oponentes políticos. O Gilberto faz parte do corpo Editorial da Folha de São Paulo e se mostra envergonhado com o fato vivenciado por ele em face das manifestações dos leitores de sua coluna com relação à doença de Lula. O que ele não considera e talvez não passe em sua consideração é que a Folha de São Paulo contribua na raiz deste ódio. O modo como caiu o nível até de comentaristas bem estruturados na grande imprensa certamente está na pedagogia desta raiva toda. Isso sem falar num verdadeiro ódio que emana em blogs de revistas como a Veja e outros. A vinculação entre os internautas virulentos e desumanos e a grande imprensa é tamanha que uma comentarista da Rádio CBN, chamada Lúcia Hipólito, torceu o assunto para tirar vantagens políticas além de querer aplicar em Lula uma teoria geral sobre câncer da laringe. Por isso o enjôo do Gilberto até causa dúvida em nossos frágeis espíritos: será que na verdade ele não estaria comemorando “uma enxurrada de ataques desrespeitosos” para demonstrar que o Lula não recebe solidariedade nem no câncer como disse o Lara Resende sobre a solidariedade mineira? Até o título da nota é estranho, pois ele não poderia se envergonhar do câncer de Lula, mas da manifestação dos seus leitoras a respeito do câncer de Lua. Mas isso pode se inserir na paranóia deste que vos escreve.

O câncer de Lula me envergonhou

Gilberto Dimenstein

DE SÃO PAULO

Senti um misto de vergonha e enjoo ao receber centenas de comentários de leitores para a minha coluna sobre o câncer de Lula. Fossem apenas algumas dezenas, não me daria o trabalho de comentar. O fato é que foi uma enxurrada de ataques desrespeitosos, desumanos, raivosos, mostrando prazer com a tragédia de um ser humano. Pode sinalizar algo mais profundo.

Centenas de e-mails pediam que Lula não se tratasse num hospital de elite, mas no SUS para supostamente mostrar solidariedade com os mais pobres. É de uma tolice sem tamanho. O que provoca tanto ódio de uma minoria?

Lula teve muitos problemas --e merece ser criticado por muitas coisas, a começar por uma conivência com a corrupção. Mas não foi um ditador, manteve as regras democráticas e a economia crescendo, investiu como nunca no social.

No caso de seu câncer, tratou a doença com extrema transparência e altivez. É um caso, portanto, em que todos deveriam se sentir incomodados com a tragédia alheia.

Minha suspeita é que a interatividade democrática da internet é, de um lado um avanço do jornalismo e, de outro, uma porta direta com o esgoto de ressentimento e da ignorância.

Isso significa quem um dos nossos papéis como jornalistas é educar os e-leitores a se comportar com um mínimo de decência.

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