Não gosto do Crato no período da exposição. Barulho ensurdecedor até o raiar do dia, ruas estreitas entupidas de automóveis, motoqueiros transitando pelas calçadas, gente em demasia que nos faz sentir-se num outro lugar que não a nossa bucólica e pacata terra. E o que é pior, nos tornamos forasteiros em nossa própria casa. Nas estradas o movimento é intenso. Constantes blitz’s fazem parar nosso carro duas ou três vezes. Nada mal, pois ela surpreende os irresponsáveis motoristas alcoolizados, evitando deste modo que o número de acidentes cresça mais ainda. O pior mesmo são as bandas de forrós que fazem um barulho tão grande que ecoa por toda área urbana do Crato e roubam o sono de muitas pessoas, que não estando de férias, trabalham no dia seguinte.
Soube que a URCA suspende suas aulas no período da Expocrato? Pode um negócio desses? E o Hospital São Francisco que fica tão próximo? Que é feito dos doentes? Onde estão o silêncio e a paz tão necessários para a cura das enfermidades?
Sou favorável que a Exposição volte às suas origens. Imaginem que eu alcancei nos distantes anos de 1954/1955 duas exposições tendo como local a atual Praça Alexandre Arraes, naquela época denominada "Bosque Municipal", depois Parque Municipal, bem defronte da Maternidade e muito próximo do Hospital São Francisco. Ao redor do local já existiam as residências que por lá permanecem até hoje. E não houve incômodo algum para os moradores, a não ser o grande “mosqueiro” que vem após. Afinal, a Expocrato é uma exposição de gado, de produtos agrícolas, agro-industriais, cultura regional e não de swhos musicais com estridentes bandas de forrós e de extremado mau gosto. Para que esse som tão ensurdecedor? Por ventura são surdos? Esquecem também que os animais que ali estão expostos sofrem dez dias de estresse que lhes são prejudiciais à saúde. Então que se volte a fazer a Exposição como ela era até meados de 1960. Sem música estridente, sem bandas de forró. Até então tínhamos festas em todas as noites da exposição que eram realizadas no Crato Tênis Clube. Época em que íamos às festas e além de dançar, podíamos bater um agradável papo. Todos ouviam a música num tom normal, ninguém era surdo. Por que então, em vez de transferir o parque para outro local, não levar esses shows para cima da Serra do Araripe, no antigo Aeroporto, por exemplo? Será que o IBAMA deixaria? Tenho certeza que não, pois seria prejudicial à fauna e também à flora. E nós, o bicho homem, podemos suportar tudo isso?
Por Carlos Eduardo Esmeraldo
Um comentário:
Concordo com vc. em gênero , número e grau. Sua crônica é coerente e muito pertinente. Obrigada por fazer de suas palavras as minhas.
Bastinha Job
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