por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



domingo, 10 de julho de 2011

EGO- Por Roberto Jamacaru


Parte da grandeza do ser humano advém da importância que ele dá ao trabalho, ao talento e aos demais valores criativos do seu semelhante, mesmo sendo este, em condições antagônicas, um inimigo, um concorrente de peso ou até mesmo um invejoso que tem o desejo intenso de desvalorizar o sucesso alheio.
Essa altivez não parece ser bem a característica dos ególatras, pois estes, consciente ou inconscientemente, cultuam, de forma exagerada, tão somente a idolatria de si mesmos. E isto os leva a querer impor, junto aos outros, a superioridade dos seus méritos, numa demonstração clara de desconsideração e desprezo pelos feitos alheios. Nos seus jugos, suas ideias e criações são sempre as verdades maiores, os referenciais exclusivos de perfeição e os objetos únicos da admiração de todos.
O ego, tido como o núcleo da nossa personalidade, é, dependendo de seu estado de modéstia, o elemento comportamental que nos torna seres elevados ou não diante das pessoas com as quais nos relacionamos. Analisando a nossa autoestima, percebemos que ela é movida por estímulos os quais, se transportados à nossa mente de formas moderada, justa e positiva, nos levam a ter um parâmetro de vaidade e ética equilibrado. Mas quando essas mesmas excitações veem revestidas de arrogância, num apelo desesperado de superioridade a todo custo, essa ação nos conduz ao egocentrismo onde, sem nos preocuparmos com os valores alheios, queremos que todas as luzes dos holofotes sejam direcionadas exclusivamente para nós, só para nós.
Em qualquer meio social em que venha atuar, o homem, em condições naturais, procura conquistar uma posição pela qual seus atos e valias sejam sempre respeitados e reconhecidos como relevantes. Mas, na eventualidade do demérito ou mesmo despercebimento involuntário destes, essa situação tende a levá-lo à obscuridade e, por consequência, à depressão. É justamente quando isso acontece que ele, dependendo do seu grau de equilíbrio emocional, pode perder-se no seu ego.
Observando o meio artístico (apenas como um dos parâmetros, pois o superego está em todos os elementos das classes representativas da sociedade), vemos que parte dele, na luta desesperada para que o EU, somente EU e ninguém mais do que EU estejam sempre acima das concepções alheias, tem, por meio desses atos inconsequentes, provocado ciúmes, discórdias, invejas, brigas, intrigas junto à categoria, num completo desrespeito a esta, ao público admirador e à própria arte com um todo.
Um exemplo disto: se no dia seguinte, após uma apresentação, um lançamento ou uma exposição de trabalhos de certa personalidade artística, não vier existir, por parte do público em geral e da mídia, ao menos uma menção elogiosa e ou publicação de fotos da obra ou do seu autor, é melhor sair debaixo, pois, com o ego afrontado, a insatisfação da suposta vítima será grande.
É costume também, por parte de todos os egocêntricos, terem olhos, ouvidos e aplausos tão somente para as concepções que são de suas autorias. Poucos são os que se preocupam e teem interesses em adquirir e desfrutar das ideias oriundas de outras mentes criativas. Às vezes, nas solenidades de apresentação e divulgação de um trabalho, até compram ou elogiam o produto anunciado, mas logo se vê que é tão somente para cumprir com uma formalidade de praxe.
Não tenhamos dúvidas de que cultuar e procurar dar ênfase ao próprio ego, com responsabilidade e moderação, é algo importante, bom e necessário para qualquer ser humano que queira evoluir dentro de um aspecto criativo e útil. Pois, se agirmos assim, aquilo que um dia chegarmos a elaborar, com certeza terá personalidade, alma e riqueza dignificantes sendo, portanto, visto por todos como algo diferente e especial.
Oxalá baixemos nossa guarda (para não dizer orgulho e vaidade desnecessários) e lancemos também nossos olhares, atenções e respeitos para aquilo que foi, com muita vontade, esforço e dedicação, nascido da inteligência dos nossos semelhantes. Em geral são obras primas que se apresentam para nós (muitas vezes humildemente presenteadas pelos seus autores e autoras) e que só nos dão a oportunidade de vermos o mundo por uma ótica diferente e, não rara, mais rica do que a nossa.
Agora, cá entre nós... Dentro desse mérito todo, só espero que eu não esteja dando uma de hipócrita. Isto porque, em muitas situações, não existe ser mais vaidoso e egocêntrico que certos autores, compositores, inventores, diretores, atores e demais EGOtores da vida.

Roberto Jamacaru

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