Depois de uma semana de oba oba, Adão olha assim meio que enojado para a merda do paraíso. Uma coisa assim, como se fosse uma ressaca. Ele sabe que aquilo é grande demais. Seria muito melhor a porra de um apartamento, um flat em um lugar bacana. Pra quê aquela megalomania? Aquele imensidão do caralho? Sabe que o salário não compensa, que não lhe é dado o devido valor, entre outros problemas menores. O que ele sabe é que não vai mais agüentar muito tempo isso de ficar falando com coisas que não lhe respondem. Se sente ridículo gritando com os bichos ainda sem nome. Acha que vai terminar ficando louco de pedra. Isso de batizar um por um? Coisa por coisa? diz que não tem inspiração que agüente, que eles voltem amanhã, em uma semana ou nunca. Nunca seria uma boa pedida. Olha pra cima, pros lados, pra baixo e grita com deus: - cadê a porra da assessoria? Alguém da área de criação, pelo menos um eletricista? Eva olha pra adão com um tédio sereno. Senta-se na beira de um rio? Riacho? Lagoa? O incompetente do Adão ainda não tinha decidido. E olha pros peixinhos coloridos – todos sem nome também – pensando em esganá-los. Será possível esganar um peixe? Olha pra adão e pergunta: - o personal trainer, chega quando? E o cara da TV a cabo? Adão olha, olha, vê se deus não ta olhando e pensa em nomear um pedaço de pau: porrete, e acertar com ele na cabeça daquela costela com nome de mulher.
por lupeu lacerda
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