Maio mês das flores
Maio, mês de alegria,
Mês de encanto, mês das flores,
Mês consagrado a Maria
Mês de hinos e louvores.
Maio desponta sorrindo
Com seus lampejos suaves
Qual um pólio se abrindo
Por entre o festão das aves.
Desponto o sol no nascente
Ouvindo o cantar das fontes
Beijando as gotas nitentes
Procura o cume dos montes.
Linda toalha de neve
Se estende em cima da serra
E sopra a brisa tão leve
Dando mil beijos na terra.
O sol penetrando um raio
Na choça do camponês
Vai lhe avisando que Maio
Já chega por sua vez.
Este, ufano, se levanta,
Ao próprio peito abraçado
Mirando com glória tanta
A pompa do seu roçado.
A camponesa singela
Soltando ternas cantigas,
Passeia faceira e bela,
Por entre as louras espigas.
Da branca torre erguida,
O sino a bimbalhar
Convida todos da Ermida
À Mãe de Deus louvar.
Quando a noite vem chegando
Que vai se ocultando o dia,
Vão todos se ajoelhando
Para louvar a Maria.
Lindas grinaldas de flores
Tecidas pelos fieis
Com os mais sublimes louvores
Colocadas aos seus pés.
O céu de maio é um manto
Todo bordado de estrelas
Que o mundo cheio de espanto
Nunca se cansa de vê-las.
Quando abril vai morrendo
Num meigo e terno desmaio
Vai todo o céu se movendo
Ao lindo aceno de maio.
Nasce o sol por entre os montes
Cobre-se a terra de neve
E ao sussurro das fontes
Maio desponta de leve.
Com maio nascem mil flores
Pingando gotas de orvalho
E a brisa cantando amores
Cicia no verde galho.
Um véu de neve e encanto
Engrinalda a serrania
E os passarinhos num canto
Desprendem santa harmonia.
Gotas de orvalho na relva
Forma um manto de cristal
E o perfume da selva
Vai se estendendo no val.
Um comentário:
Quem gosta de uns belos versos, sabe apreciar a beleza e singeleza da poesia do poeta José Augusto Siebra, nascido em Várzea-Alegre, em 1881.
Os poemas do meu avô traduzem no seu amor à natureza e ao cotidiano da vida simples no campo, sua antenação com as leis cósmicas e uma reverência ao Sagrado.
Aprendamos, pois, com o poeta caririense.
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