por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011













Por de sol ao som de Bolero de Ravel

Ontem eu vi o sol se deitar diferente do que vejo todo dia. Foi de um jeito muito especial: o sol foi se deitar ao som do Bolero de Ravel. O homem vestido de branco, em pé dentro de um barco remado por um pescador, tocava no sax aquela música bela, tornando o momento mais grandioso. A música, o sol, as águas do rio, a vegetação, estavam unidos na doce harmonia do universo, reverenciando o Sagrado.
Ao som da melodia o sol se despedia, espalhando nas águas do rio seu brilho dourado. O céu também estava dourado. E aquela luz amarela tão especial era mensageira da luz divina maior, de amor, de cura, de fé, do brilho que aquece e que banha, que dá nova cor ao céu, às águas e aos corações contemplativos.
Quando o sol se deita no poente, levando sua luz e seu calor, a terra vai aos pouquinhos mudando de cor. As águas refletem novos tons, a luz se vai aos poucos, o crepúsculo matiza o mundo com nova cara. As cores vão escurecendo para dar lugar à senhora das sombras. A noite pede passagem com seu manto de escuridão. É hora de silenciar, aquietar o coração, contemplar, apenas contemplar. Unir-se a este momento de sagrada beleza e deixar que o silêncio se faça na alma, que assim, calada, escutará a voz interior, para que a ausência da luz externa acenda nossa luz interna, possibilitando ouvirmos outra canção. O silêncio e as sombras são caminhos para dentro da alma. Ela precisa silenciar, contemplar, receber a dádiva divina da beleza curativa do por do sol. É o momento de guardar a luz dentro de nós, para que no silêncio ele retorne no outro dia com um brilho maior, mais intenso, irradiando o amor que alimentamos no silêncio do recolhimento.
Momento de silêncio, momento de reverência, momento de gratidão.


Olinda, 08/12/03

3 comentários:

Stela disse...

ESSE TEXTO TIREI DO MEU BAÚ, INCLUSIVE A FOTO, QUE ME FOI DADA POR UM FOTÓGRAFO QUE ESTAVA POR LÁ.

socorro moreira disse...

Vixe, que coisa linda !

Já fiz esse passeio , mas agora é me dei conta da beleza.
Gracias, menina !

Liduina Belchior disse...

Stela,

Parabéns pelo lindo texto, escritora!
Menina viajei... Valeuuuuu!!!!

Abraços queridos: Liduina.