Primeiro amor:
Andávamos de mãos dadas
e não nos dizíamos (ou sabíamos)
namorados
os lábios roçavam-se fugidios
tenros
assustados
com a delícia da carícia
com a leveza fugaz
insustentável
oscilante
do amor adolescente,
do amor nascente.
Segundo amor:
Meio dia de luz e calor
teu olhar se adulçorou sobre o meu
lambuzando-me de ternura e frescor.
Noite clara e fria
teu olhar se derramou sobre o meu
como árvore debruçada no rio,
beijando as águas do meu rosto
banhado de chuva e lua.
Terceiro amor:
Subia pela varanda
sem que eu jogasse meus cabelos de Rapunzel.
Dizia amar-me, mas Vênus me piscava um olho, descrente, irônica.
O obstáculo intransponível não era a torre,
era o encantamento feito pela bruxa que morava dentro de mim:
meus olhos só brilhariam com poesia.
E ele era tão somente um príncipe,
desprovido de graça poética,
da loucura e lucidez dos que amam
estrelas,
madrugadas, trovões
e a solidão das palavras.
Rapunzel ainda está na torre,
mas, cadê o poeta?
Stela Siebra Brito
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