por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

posteridade

As tartaruguinhas quando fogem do ninho
desesperadas pela praia de encontro ao mar

elas só desejam
refrescar a cabecinha
exercitar as nadadeiras

e chegam ao cúmulo
(as mais espertas)
oferecer crustáceos
aos tubarões.

Cansei de esgrimir
contra nuvens.

Agora sou uma tartaruguinha
de tranças rastafári

antes de beijar o vento
o sol queimar a cara

abraço logo a concha
e deslizo até as ondas.

Tenho sorte.

Acabo nas costas
de um golfinho

e sou levado
até o teu navio.

De longe eu te vejo:
ah, tu  me esqueceste.

O capitão te consola
os braços em volta
da tua cintura.

Sabes o que faz
uma tartaruguinha
desolada e triste?

Pula das costas do golfinho
volta à praia (a nado)

e se enterra lá,
no buraco da areia

onde só restam cascas
do passado.

2 comentários:

Stela disse...

Amo a poesia de Domingos Barroso.
Grande abraço, poeta.
Claro que é um abraço azul.
stela

socorro moreira disse...

Domingos,

Como esquecer a poesia e o poeta?
Que bonitinho esse arzinho de enterro... Vou imaginar que acabas de acordar, e te preparo um café.

Sim, Stela.... Domingos é nosso , em especial !
Assim como este azul, que insistimos em pintar.


Abraços literários e amigo!