por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 20 de novembro de 2024

 TRAIDORES DA PÁTRIA (editorial do jornal o Estado de São Paulo, de 20.11.24)


É de indignar todos os democratas deste país, sejam quais forem as identidades político-ideológicas que possam distingui-los, a revelação de que autoridades do governo de Jair Bolsonaro e militares das Forças Especiais do Exército, além de um policial federal, TERIAM CONSPIRADO PARA ASSASSINAR, NO FIM DE 2022, O ENTÃO PRESIDENTE ELEITO LULA DA SILVA, O VICE, GERALDO ALCKMIN, E O MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) ALEXANDRE DE MORAES, QUE À ÉPOCA ACUMULAVA O CARGO DE PRESIDENTE DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE).

Como se sabe, na manhã de ontem a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Contragolpe, que culminou na prisão do general reformado Mário Fernandes, ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência (2020) e atualmente assessor do deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ). Além de Fernandes, outros três militares com formação em Forças Especiais, conhecidos no Exército como “kids pretos”, foram presos por suspeita de elaborar o plano homicida com vistas “à abolição violenta do Estado Democrático de Direito”: Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo e Hélio Ferreira Lima. O quinto envolvido diretamente na trama, também preso, é o policial federal Wladimir Matos Soares.

A tentativa de golpe de Estado urdida pelos inconformados com a democracia, uma súcia de civis e militares, da ativa e da reserva, TODOS DO ENTORNO DE BOLSONARO, já era execrável por tudo o que se sabia a respeito da sedição até agora. Por meio da desqualificação do processo eleitoral, entre outras artimanhas, pretendia-se evitar a eleição de Lula da Silva como presidente da República. Malfadado esse desiderato, partiu-se, então, para o impedimento da posse. A rigor, o que a Operação Contragolpe fez foi mostrar ao País, com impressionante riqueza de detalhes, até onde esses golpistas pretendiam chegar com seu furor delitivo para manter Bolsonaro no poder, em afronta à vontade popular legitimamente consagrada pelas urnas em 2022.

Chamado no ninho golpista de “Punhal Verde e Amarelo”, como se patriota fosse, o plano dos militares liderados, do ponto de vista operacional, pelo general Mário Fernandes, ex-comandante de Operações Especiais do Exército (2018-2020), consistia, pasme o leitor, em envenenar Lula, “considerando a vulnerabilidade de seu atual estado de saúde e sua frequência a hospitais”. Alckmin, segundo consta, também seria envenenado. Já para matar Alexandre de Moraes, os golpistas pretendiam detonar explosivos durante uma cerimônia pública. Eis a dimensão da infâmia.

AINDA SEGUNDO A PF, AO MENOS UMA REUNIÃO PARA ARQUITETAR O TRIPLO HOMICÍDIO TERIA SIDO REALIZADA NA RESIDENCIA DO GENERAL WALTER BRAGA NETTO, então ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Bolsonaro pela reeleição. ESTE JORNAL APUROU QUE A PF NÃO TEM DÚVIDAS SOBRE O “ENVOLVIMENTO DIRETO” DE BRAGA NETTO NESSA TRAMA MAIS DO QUE ANTIDEMOCÁTICA, MACABRA.

Em um ofício de 221 páginas endereçado ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do Inquérito 4.874, que investiga no âmbito do STF a ação das chamadas “milícias digitais antidemocráticas”, a PF detalhou como os militares sediciosos monitoraram os passos de Lula, Alckmin e do próprio Moraes para decidir como e quando agir. Resta claro que o País esteve muito próximo de ser tragado por uma convulsão política e social inaudita em sua história recente. E é lícito inferir que as consequências mais nefastas dessa extrema violência política, gravíssima por sua mera cogitação, só não se materializaram porque o Alto Comando do Exército não endossou a estupidez.

Mas que ninguém se deixe enganar. Se felizmente a intentona não foi adiante, o simples fato de frutificar entre os mais bem treinados militares do Exército esse ímpeto golpista em nada tranquiliza a Nação. O PAÍS SÓ ESTARÁ EM PAZ QUANDO, UM POR UM, TODOS OS TRAIDORES DA CONSTITUIÇÃO, QUE, COMO DISSE ULYSSES GUIMARÃES, TAMBÉM SÃO TRAIDORES DA PÁTRIA, FOREM JULGADOS POR SEUS CRIMES SOB A ÉGIDE DO MESMO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO CONTRA O QUAL SE 
INSURGIRAM.

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Marquises

 


J. Flávio Vieira

 

                --- Vocês não sabem do absurdo ! Rauzito foi recolhido à Fundação Casa, hoje ! Foi pego no sinal cheirando cola ! Pode ?

 

                        A notícia se alastrou como faísca correndo no estopim .  Um menino de oito anos, já viciado em drogas ? Onde vamos parar ? Rauzito   era conhecido de muita gente. Franzino, portando sempre uma camiseta puída de lycra e uma bermuda de longa vida, invariavelmente suja,   fazia ponto em um dos sinais da pomposa rua Abelardo Studart, vendendo balas, limpando para-brisas --entre o vermelho e o verde—e  pastorando carros estacionados ao longo da via. Tinha por casa uma marquise de uma loja de departamentos próxima dali. Era tido como um marajá da via pública. Para os colegas de rua, tinha a casa mais suntuosa  do centro comercial da cidade. Defendia seu espaço, com unhas e dentes, como se tivesse conseguido o direito por usucapião. A reação de surpresa do povo, por incrível que possa parecer, foi pelo vício precoce de Rauzito e não pelo outro absurdo que já se tornara normalidade: uma criança de oito anos ter por lar a via pública. Antes,  a população já se indignara quando Rauzito , defendendo seu território, a sombra da marquise, agredira um outro guri que  se fez de posseiro, sem imaginar que já lhe pertencia. Quem vive na cidade não entende das leis da selva!  E agora o povo parecia boquiaberto com a descoberta de que já na infância o vício estava se alastrando.

                        D. Veridiana, uma coquete da vila, chacoalhando suas joias, pediu donativos, num clube de serviço,  para a Infância Abandonada da cidade: A Caridade é o Caminho para o céu ! O Padre Gilbertino, na homilia daquele domingo, explicou que o vício era a presença do demônio no seio da sociedade e pregou um reforço nos óbolos para ajudar a infância desvalida. O prefeito Sinderval Codó, em entrevista na Rádio  “A Voz da Bíblia” , informou ter colocado toda a Secretaria de Ação Social  na investigação das causas daquele crime e a polícia já abrira inquérito para descobrir os responsáveis pela distribuição da droga nas ruas. Cacildo Honório, “A Voz de Ouro do Rádio”, no Programa “ Ronda Policial” , pediu providências urgentes da polícia na repressão ao tráfico de drogas no município que se tornara uma calamidade. Onildo Jurema, o presidente do Partido Comunista Operário Obreiro, o PCOO, que faz oposição ao atual governante, propôs a deposição imediata do prefeito que, segundo ele, era o proprietário do Jogo do Bicho local e sócio da Facção que comandava o tráfico na região. Em meio à indignação geral de superfície, as múltiplas propostas de solução do caso Rauzito, uma pergunta permaneceu no ar, perfeitamente intocada, procurando uma resposta, assim como os meninos moradores de vias públicas procuravam o Estado: Por que Rauzito , de oito anos, sem pais e sem país, tem por casa uma marquise ?

                        Na Fundação Casa , Rauzito chega agitado, confuso. Menos por não entender o motivo da sua detenção do que pelo medo de perder, para os outros zumbis que invadem a rua, a única propriedade que possui por usucapião: a marquise. Alimentado, dorme à noite numa cama mais confortável do que a sua, mas, ansioso,  sabe que não lhe pertence. Encontra-se com uma tropa de iguais abandonados,  aqueles que nunca tiveram infância, apenas a luta pela sobrevivência: um monstro a cada dia, um fantasma em cada esquina. Apesar de tudo, a desgraça comum lhe traz algum conforto, talvez por ser o único socialismo que conhece: o da miséria. No dia seguinte, a Assistente Social o entrevista junto com a psicóloga.

                        --- Rauzito, por que você decidiu morar na rua ? Você não tinha pai e mãe ?

                        --- Meu pai nunca conheci. Mamãe disse que era o patrão dela na casa em que ela trabalhava, mas era casado e nunca assumiu. Conheci só meu padrasto que batia e abusava de mim desde eu bem pequenininho.

                        --- E foi por isso que você fugiu de casa e foi para a rua ?

                        --- Não, a polícia , antes de mim, matou meu padrasto. Ele era descuidista. Um dia se descuidou. Fui para a rua quando minha mãe morreu. Era viciada na “pedra” e, um dia, fumou mais do que devia.

                        --- E por que você começou a cheirar cola, para anestesiar e aguentar a viver na rua ?

                        --- Não, porque só quando cheiro a latinha de cola é quando eu consigo ver e conversar com minha mãe...

                        A  Psicologia e a Assistência Social viram-se, de repente, diante do sinal vermelho. Tinham há pouco tornado Rauzito, novamente, um sem teto e , agora, lhes pairava aquela sensação de que haviam matado sua mãe por uma segunda vez. Era justo arrancar-lhe das mãos a latinha que , ao menos, lhe proporcionava o bálsamo do sonho, sem que lhe ofertassem , em troca, um mundo mais justo e respirável ?  

 

J. Flávio Vieira

Crato, 08/11/24

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

 Abaixo, um bom artigo "internetiano".

POR QUE AS MÚSICAS QUE OUVIMOS NA JUVENTUDE MARCAM NOSSA VIDA ???

Se você gosta de “Drop It Like It’s Hot” do Snoop Dogg, “Dance, Dance” do Fall Out Boy e “Hollaback Girl” da Gwen Stefani tanto quanto eu, é provável que tenhamos nascido na mesma época.

Quando ouço essas músicas agora, sou atingido por ondas de nostalgia — primeiros amores, as tribulações do ensino médio e os altos e baixos de morar com meus pais.

Embora eu tenha começado a apreciar artistas mais jovens como Doja Cat, Lil Nas X e Sabrina Carpenter nos últimos anos, as músicas da década de 2000 ocupam um lugar especial na minha cabeça e coração.

Uma colega mais jovem recentemente me disse que “a música de 2008 a 2016 era de primeira linha”. Ela disse que amava Meghan Trainor, One Direction e Kesha durante esse período — artistas que foram a trilha sonora de seus anos de desenvolvimento cruciais.

Ao ver outras gerações de amantes da música dizerem que a música era muito melhor quando eram mais jovens, fiquei me perguntando por quê. Não podemos estar todos certos — ou talvez sim? Conversei com especialistas em como a música influencia nossos cérebros para descobrir.

“Não é que a música era melhor quando (nós) éramos mais jovens; é que a música suscita emoções muito, muito fortes”, disse Rita Aiello, psicóloga da música da Universidade de Nova York, que examina como as pessoas processam a música e como a música e as memórias se moldam mutuamente.

Aiello lembra “Yesterday” dos Beatles e “People” de Barbra Streisand como duas de suas músicas favoritas da juventude. “A música é um gatilho extremamente poderoso para lembrar o que aconteceu antes em nossas vidas”, ela disse.

Mas por que a música tem tanto poder?

“A música é episódica”, disse Robert Cutietta, professor de música da Universidade do Sul da Califórnia. “Se você olha para uma obra de arte ou algo assim, você pode olhar para ela e sair. A música é ao longo do tempo. Há uma parte do nosso cérebro chamada memória episódica — é praí que ela vai.”

Faz sentido. A preferência de uma pessoa por música popular atinge o pico por volta dos 23 anos, de acordo com um estudo de 1989 publicado no Journal of Consumer Research, com uma atualização publicada em 2013 na revista Musicae Scientiae relatando a idade de 19 anos. Uma republicação de 2022 do último estudo no Marketing Letters: A Journal of Research in Marketing descobriu que a preferência musical de uma pessoa atinge o pico aos 17 anos.

“Isso faz parte da sua identidade”, disse Cutietta. “Durante esses anos, estamos desenvolvendo muito do que somos e nos apegamos à música.”

Cutietta, que nasceu em 1953, citou o trabalho dos Beatles e do maestro Leonard Bernstein como alguns de seus favoritos. Esses artistas ajudaram a moldar seus gostos musicais quando adolescente.

Esse apego à sua identidade pode ser o motivo pelo qual você se sente menos conectado à música contemporânea à medida que envelhece.

As emoções ligadas à música em idades impressionáveis ​​ajudam a formar um vínculo ao longo da vida, com sentimentos felizes e tristes se entrelaçando — até mesmo se complementando — ao ouvir uma música.

“Se estávamos tristes (ouvindo uma música) há 20 anos, vamos ficar tristes hoje, mas com uma distância dessa tristeza. Há um sentimento diferente de enriquecimento na experiência”, disse Aiello, observando que “tristeza pode ser a abertura da alegria”.

Isso também pode explicar por que ouvir algo que você gostava de um período anterior e mais difícil de sua vida pode trazer uma sensação de catarse ao ouvi-lo agora, ela disse.

E se você considera os anos 1970 e 1980 o santo graal da “música real”, mesmo que todas as décadas contenham músicas boas e ruins?

Pode ser porque você está se lembrando dos artistas, músicas e álbuns que foram significativos para você e esquecendo aqueles que não foram. “Existem circunstâncias que tornaram certas músicas particularmente significativas para você e as memórias dessas circunstâncias voltarão quando você ouvir as músicas”, disse Aiello.

Essas músicas significativas ainda ressoam em você, disse Cutietta, eclipsando as esquecíveis.

“Toda época tem músicas horríveis que se tornaram grandes sucessos”, disse Cutietta. “Eles ainda estão em algum lugar da nossa memória, mas escolhemos não trazê-los à tona. Naturalmente, vamos escolher as músicas que gostamos.”

Tenho certeza de que os jovens de hoje saudarão o início dos anos 2020 como uma ótima época para a música, dizendo que os artistas de outras épocas não têm nada a ver com os da época deles.

Mas, muito provavelmente, eles estarão pensando em como os artistas que amavam moldaram seu eu mais jovem e esquecendo as músicas que não importavam.

  

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

 

ESSE TAL “NEPOTISMO CRUZADO” – José Nílton Mariano Saraiva

No decorrer da campanha eleitoral que está por ser concluída visando a escolha do futuro prefeito de Fortaleza, algumas denúncias bem que mereciam ser melhor esclarecidas, pelo seu relevo, a fim que a população não confundisse gato por lebre, na hora do voto.

Uma dessas denúncias, pela contundência ímpar que se reveste, foi feita, via telinha e em horário nobre, pelo postulante à vaga de prefeito de Fortaleza, o teoricamente austero Capitão Wagner (qualquer dúvida o vídeo respectivo está disponível na Internet).

Segundo relata ali o Capitão, no gabinete do Deputado André Fernandes, à época estava lotada a senhora Maria do Socorro Lima Moreira, esposa do vereador Inspetor Alberto, recebendo a “ninharia” de R$ 18.000,00 mensais.

Em sentido inverso (espécie de compensação ou o famoso toma-lá-dá-cá), no gabinete do vereador Inspetor Alberto “ESTAVAM” lotados, à época, a esposa, a mãe, a irmã e o cunhado do Deputado André Fernandes (aqui não se declinou a remuneração de cada um e se enfatizou com realce o tempo do verbo: “estavam”). Por qual razão não mais estão ???

Segundo garantiu o Capitão Wagner, não se trata de uma denúncia qualquer, tanto que o Ministério Público está investigando o caso.

Alfim, o Capitão Wagner peremptoriamente afirma que... “esse discurso do André Fernandes de ser contra o sistema, contra a mamata e contra a corrupção, não corresponde com de fato com o que ele faz no seu dia-a-dia”; e conclui: “veja o que é a velha política fantasiada de novidade; é isso o que representa o candidato André Fernandes” (percebam as aspas).

Por uma dessas “peripécias” do destino, como não conseguiu os votos necessários para viabilizar-se ao segundo turno, o Capitão Wagner meteu os pés pelas mãos, atrapalhou-se todo e findou por, incompreensivelmente, apoiar o postulante André Fernandes, na batalha final contra o candidato Evandro Leitão.

Não custa lembrar que, segundo o Dicionário Houaiss (página 2190) a palavra peripécia designa o... “momento de uma narrativa que altera o curso dos acontecimentos, geralmente de maneira inesperada, e modifica a situação e o modo de agir dos personagens”.   

Cabe então, perguntar: a troco de que o Capitão Wagner se aliou àquele que ele denunciou com tamanha convicção e ênfase, se para a posteridade temos o vídeo onde ele narrou o tal “NEPOTISMO CRUZADO” ??? (uma nódoa inapagável no seu currículo).

 

 

 

 

ESSE TAL “NEPOTISMO CRUZADO” – José Nílton Mariano Saraiva

No decorrer da campanha eleitoral que está por ser concluída visando a escolha do futuro prefeito de Fortaleza, algumas denúncias bem que mereciam ser melhor esclarecidas, pelo seu relevo, a fim que a população não confundisse gato por lebre, na hora do voto.

Uma dessas denúncias, pela contundência ímpar que se reveste, foi feita, via telinha e em horário nobre, pelo postulante à vaga de prefeito de Fortaleza, o teoricamente austero Capitão Wagner (qualquer dúvida o vídeo respectivo está disponível na Internet).

Segundo relata ali o Capitão, no gabinete do Deputado André Fernandes, à época estava lotada a senhora Maria do Socorro Lima Moreira, esposa do vereador Inspetor Alberto, recebendo a “ninharia” de R$ 18.000,00 mensais.

Em sentido inverso (espécie de compensação ou o famoso toma-lá-dá-cá), no gabinete do vereador Inspetor Alberto “ESTAVAM” lotados, à época, a esposa, a mãe, a irmã e o cunhado do Deputado André Fernandes (aqui não se declinou a remuneração de cada um e se enfatizou com realce o tempo do verbo: “estavam”). Por qual razão não mais estão ???

Segundo garantiu o Capitão Wagner, não se trata de uma denúncia qualquer, tanto que o Ministério Público está investigando o caso.

Alfim, o Capitão Wagner peremptoriamente afirma que... “esse discurso do André Fernandes de ser contra o sistema, contra a mamata e contra a corrupção, não corresponde com de fato com o que ele faz no seu dia-a-dia”; e conclui: “veja o que é a velha política fantasiada de novidade; é isso o que representa o candidato André Fernandes” (percebam as aspas).

Por uma dessas “peripécias” do destino, como não conseguiu os votos necessários para viabilizar-se ao segundo turno, o Capitão Wagner meteu os pés pelas mãos, atrapalhou-se todo e findou por, incompreensivelmente, apoiar o postulante André Fernandes, na batalha final contra o candidato Evandro Leitão.

Não custa lembrar que, segundo o Dicionário Houaiss (página 2190) a palavra peripécia designa o... “momento de uma narrativa que altera o curso dos acontecimentos, geralmente de maneira inesperada, e modifica a situação e o modo de agir dos personagens”.   

Cabe então, perguntar: a troco de que o Capitão Wagner se aliou àquele que ele denunciou com tamanha convicção e ênfase, se para a posteridade temos o vídeo onde ele narrou o tal “NEPOTISMO CRUZADO” ??? (uma nódoa inapagável no seu currículo).

domingo, 20 de outubro de 2024

 

UM SIMPLÓRIO QUESTIONAMENTO - José Nílton Mariano Saraiva

Concretamente, a desfaçatez de uma pessoa pode ser medida ou avaliada pela sua falta de recato, pela sua insolência, pela sua indiferença à moralidade e por não manifestar nenhum constrangimento em mentir despudoradamente para o público. Em suma, pela falta de respeito ou consideração pelos outros.

E aqui permitimo-nos situar o último debate entre os prefeituráveis de Fortaleza, quando o candidato André Fernandes, ao ser questionado pelo opositor Evandro Leitão se era verdadeira a notícia corrente de que já teria convidado a Capitã Cloroquina para cuidar da saúde do povo de Fortaleza.

Na oportunidade e, encarando a câmara, de pronto ele negou enfaticamente, além de assegurar que o seu presumível secretariado ainda não tinha sido montado, que um colegiado teria tal incumbência e que, portanto, ninguém houvera sido convidado.

Como não é crível (diríamos convictamente que até impossível) que uma pessoa de 26 anos (André Fernandes) seja portadora da terrível doença conhecida por “Mal do Alzheimer”, o que o vídeo que todos tomamos conhecimento, dia seguinte, pela TV, causou estupefação generalizada, deixando-nos literalmente de queixo caído.

É que ali, ao vivo e a cores para todo o mundo (afinal a Internet tá aí pra isso mesmo), André Fernandes aparece junto à Capitã Cloroquina (médica Mayra Pinheiro), apresentando-a como a pessoa que irá cuidar da saúde do fortalezense num seu futuro governo. Em seguida, passa-lhe então a palavra e ela não titubeia em afirmar, peremptoriamente, que houvera sido convidada, sim, pelo futuro prefeito e que já aceitara o desafio (é bom não olvidar que a médica pediatra Mayra Pinheiro foi uma das envolvidas na tragédia ocorrida em Manaus durante a pandemia, ao prescrever e obrigar, inclusive para crianças, o uso do medicamento cloroquina, não recomendado pela Organização Mundial de Saúde-OMS e por cientistas de todo o mundo).

O simplório questionamento, que não quer calar é: quem é mesmo o candidato André Fernandes ??? Aquele que no dia anterior negou de maneira incisiva e contundente, para milhões de telespectadores, não ter convidado a Capitã Cloroquina para o seu secretariado, quando questionado pelo oponente Evandro Leitão ???

Ou seria aquele que, de sorriso largo e aberto, e aparentando felicidade extrema, literalmente desdisse o que disse no debate e, portanto, mentira, sim, para a população ???

Alfim, um pequeno lembrete: no dicionário, aprendemos que: “DESFAÇATEZ é um substantivo que se refere à falta de vergonha, descaramento ou ousadia desmedida diante de uma situação em que seria esperado algum recato ou modéstia. É frequentemente usado para descrever atitudes insolentes ou comportamentos que demonstram uma indiferença deliberada às normas sociais ou à moralidade”.

Portanto, aqui não caberia a perspectiva de um possível Alzheimer para justificar tal desencontro, mas, caberia sim, a tentativa de usar meios ilícitos para ludibriar seus próprios adeptos. O que poderia ser rotulado de covardia.  

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Post Scriptum:

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta o cérebro, causando deterioração das funções cognitivas, como a memória, o raciocínio, a linguagem e a capacidade de realizar tarefas cotidianas. A DOENÇA DE ALZHEIMER É MAIS COMUM EM PESSOAS IDOSAS. E É ABSOLUTAMENTE IMPOSSÍVEL DE ACOMETER JOVENS, COMO O ANDRÉ FERNANDES.

sábado, 19 de outubro de 2024

 DA “VERDADE FACTUAL” NÃO SE FOGE - José Nílton Mariano Saraiva

A Internet (de domínio público) não perdoa. Dias atrás, foi veiculado um vídeo de teor eminentemente escatológico, onde o agora candidato à prefeitura de Fortaleza, André Fernandes, ainda na adolescência mostrava aos seus adeptos, pormenorizadamente e de forma didática, como proceder para “depilar” sua parte baixa, traseira (glútea).

Imediatamente, lá no sul/sudeste do país, os conceituados jornalistas José Roberto de Toledo e Kennedy Alencar, vinculados a jornais e sites de projeção nacional, cognominaram aquele momento, no site da UOL, como... “raspa cu” (tal vídeo também se acha disponível na Internet).

No mesmo vídeo, essa mesma figura (André Fernandes) mostra sua porção maldosa e extremamente preconceituosa para com as mulheres, em geral, ao “apunhalar” com incontida e desmedida fúria um pedaço de papelão, sem que antes alerte que aquela simplória peça na realidade representaria uma pretensa namorada.

Mais adiante, ainda no mesmo vídeo, tal figura atinge o clímax, quando aspira, rapidamente e com uma ânsia incontida, uma fileira de um pó branco não identificado, mas que supostamente somos tentados a acreditar tratar-se de algo de teor alucinógeno.

Posteriormente, confrontado com a “verdade factual”, a figura em questão não negou sua veracidade, mas simplesmente limitou-se a afirmar que o tal pó branco que profundamente aspirou, se tratava, na realidade, de sal, puro sal (algo difícil de acreditar, porquanto qualquer pitada de sal provoca no ser humano o aumento geométrico da pressão arterial, podendo até levar a óbito imediato). E ele está aí, vivinho da silva (e mentindo muito). 

Aqui, um adendo: a expressão “verdade factual” é usada para cognominar... “algo que é verificável e baseado em fatos objetivos, ou seja, informações que podem ser confirmadas por meio de evidências concretas ou observação”.

Essas verdades (no caso específico, um vídeo com imagem e som) não dependem de opiniões pessoais, crenças ou interpretações subjetivas, mas de realidades que podem ser constatadas independentemente das percepções individuais.

No mais, se alguém tem alguma dúvida o vídeo está disponível na Internet; confiram e formem seu “juízo de valor” sobre referida figura.

segunda-feira, 14 de outubro de 2024

 ANDRÉ FERNANDES: NEGACIONISMO E INCOMPETÊNCIA – José Nílton Mariano Saraiva

Ao alvorecer do ano corrente, quando ainda se apresentava como pré-candidato à prefeitura de Fortaleza, o bolsonarista-raiz André Fernandes anunciou com estardalhaço desmedido que a médica cearense Mayra Pinheiro seria sua secretária de Saúde caso fosse eleito. Sem dúvida, uma sinalização preocupante sobre o tipo de gestão caótica e irresponsável que pode estar por vir.

Fato é que, se confirmada a escolha de Mayra Pinheiro para a Secretaria da Saúde de Fortaleza, teremos um sinal eloquente de que nossa capital pode ser jogada de volta ao mais sombrio negacionismo que marcou o Brasil durante a pandemia, porquanto tratar-se de uma gestora que já, didática e comprovadamente, demonstrou desprezo pela ciência e uma devoção cega a ideologias ultrapassadas, custando vidas e jogando a saúde pública no abismo.

O Brasil todo sabe, inclusive o próprio André Fernandes, que Mayra Pinheiro surgiu no cenário nacional como secretária do Ministério da Saúde no caótico governo Bozo, e personifica tudo o que deu errado no combate à Covid-19, no Brasil.

Assim, enquanto o mundo todo lutava contra a pandemia com base em evidências científicas e orientação de especialistas, Mayra Pinheiro se dedicou ferozmente à promoção de medicamentos comprovadamente ineficazes, como hidroxicloroquina e vermicidas. Sua defesa obstinada desses tratamentos, sem qualquer respaldo científico, contribuiu diretamente para a desinformação em massa, colocando a vida de milhares de brasileiros em risco e matando outras centenas de milhares.

Como olvidar, por exemplo, a tragédia da sua gestão na saúde pública, culminando na inaceitável crise do oxigênio em Manaus, em janeiro de 2021, onde a ineficácia e a irresponsabilidade foram elevadas a níveis horrorosamente apavorantes.

Assim, enquanto pacientes morriam asfixiados (e o então presidente Bozo grotescamente imitava-os em frente às câmaras de TV),   Mayra Pinheiro pressionava autoridades locais (de Manaus) a distribuírem o famigerado "kit Covid", composto por medicamentos sem eficácia comprovada.

Como se isso não bastasse, ela também esteve à frente do lançamento do aplicativo TrateCov, uma ferramenta bizarra que, inacreditavelmente, prescrevia esses remédios até para bebês.

Por tudo isso, fica explicitado, de forma contundente, que a escolha de Mayra Pinheiro para gerir a Saúde da nossa capital é um sintoma claro do tipo de governo que André Fernandes pretende implementar — um governo guiado por ideologias destrutivas e teorias sem base científica.

Fortaleza merece um futuro de saúde pública que priorize o bem-estar da população e a ciência, não um retrocesso carregado de negacionismo e incompetência tão comuns sob Mayra Pinheiro.

E não se esqueçam, nunca e em tempo algum, que referida figura (Mayra Pinheiro) achou por bem se vacinar, às escondidas, embora pregasse aos ignaros, de público, que fugissem da vacina.

Hipocrisia pura, na veia; blasfêmia, sem tergiversações, elevada ao cubo.