Sem
que haja ainda um necessário e desejado modelo alternativo, que de
forma honesta e imparcial privilegie o “contraditório” e faça
uso de equações mais adequadas e consistentes (a China começa a
esboçar um), o mundo hoje se fia cegamente, para o bem ou para o
mal, no que é produzido e incessantemente divulgado pelos
norte-americanos, mesmo que às vezes falte a devida comprovação
(só para ilustrar, lembremo-nos da presumida “morte” do saudita
Osama Bin Laden, sem que absolutamente ninguém haja visto o corpo
???).
Por
isso mesmo, o escarcéu provocado por pusilânimes e desonestos
segmentos da mídia econômica brasileira, em razão do tal
“rebaixamento” do rating do Brasil por parte da agência de
classificação de risco americana Standard & Poor's, é por
demais questionável. E por uma razão simplória: comprovadamente,
foi uma decisão de cunho “político”, porquanto levou em conta o
momento difícil que atravessa a economia brasileira (perfeitamente
suplantável), mas deixou de considerar, como deveria e honesto
seria, as imensas potencialidades que temos a médio e longo prazo,
bem como o robusto e confortável “colchão” de 400 bilhões de
dólares das nossas reservas, além do “imedível” mar de
petróleo que possuímos (um “ativo” acima de qualquer suspeita e
que os próprios americanos estão de olho já há bastante tempo).
Há
que se considerar, ainda, que não só a Standard & Poor's, mas
igualmente suas congêneres, as também americanas Moody's e Fitch,
faz tempo que “pisam na bola”, ou “escorregam na maionese”,
ao produzirem relatórios inconsistentes e mesmo desonestos (como o
atual sobre o Brasil), porquanto estruturados num modelo questionado
por economistas do mundo todo, mas que têm o poder (dada a
inexistência de uma outra versão), de momentaneamente espalhar o
“terrorismo” e destruir reputações mundo afora.
Tanto
é que, 10 anos atrás, quando as três agências encimadas avaliaram
o “rating” ou nota de crédito dos títulos hipotecários
norte-americanos como AAA (grau máximo de confiabilidade),
investidores de todo o mundo “aceitaram o pepino” como crível e
quebraram a cara ao adquirir tais papéis, porquanto baseados em
empréstimos garantidos por propriedades sobrevalorizadas.
Naquela
oportunidade, como a “avaliação” das tais agências mostrou-se
sem a menor consistência, porquanto assentada em “títulos podres”
emitidos irresponsavelmente, não demorou muito (2008) para que a tal
bolha do mercado imobiliário americano “estourasse”, levando o
mercado de capitais a uma crise financeira mundial sem precedentes,
resultando na quebra do (teoricamente) inabalável e sólido banco de
investimentos americano Lehman Brothers, possuidor de uma robusta e
alentada carteira de títulos hipotecários (que viraram pó, de uma
hora pra outra).
Assim,
face a repercussão mundial da “quebra generalizada” das bolsas
de valores mundo afora e do pandemônio causado internamente, o
governo americano literalmente se viu obrigado a injetar na economia
astronômicos 850 BILHÕES DE DÓLARES para “amansar o mercado”,
ao tempo em que oficialmente considerou a agência de classificação
de risco Standard & Poor's como inidônea e responsável pela
crise na economia mundial. Processou-a na Justiça americana, assim
como impingiu-lhe pesada multa face o ocorrido. De sua parte o
austero diário Wall Street Journal acusou-a de má-fé e má
conduta.
Como
resultado, a Standard & Poor's virou “RÉ” em um processo
movido pelo Departamento de Justiça dos EUA, que acusou-a de ter
“mascarado” o grau de risco de investimentos nos chamados papéis
subprime (vilões da crise financeira desencadeada em 2008). Segundo
a acusação, a empresa teria sido desonesta ao, propositadamente,
ter ocultado chances reais de prejuízos a quem embarcasse naquela
canoa furada (como de fato aconteceu).
Sem
saída ou argumentos, a Standard Poor's houve por bem reconhecer tal
acusação (que errou, sim, e grosseiramente), ao firmar um
compromisso extrajudicial concordando em pagar ao Tesouro americano
uma multa equivalente a quase US$ 1,4 bilhão (R$ 5,4 bilhões na
cotação atual). O episódio reacendeu o debate sobre a
credibilidade das agências de classificação de risco e os
possíveis conflitos de interesse envolvendo suas atividades (já que
contratadas por “agentes do mercado”).
No
mais, há que se atentar que o governo norte-americano não é o
primeiro a processar a Standard & Poor's pelas equivocadas e
grosseiras avaliações; também um tribunal lá do outro lado do
mundo (da Austrália) condenou a agência ao pagamento de uma
indenização milionária por ter confundido e induzido os
investidores locais com suas “falsas avaliações”. Em Nova York,
outro tanto de enganados investidores moveram ação similar.
No
momento, como economistas de escol (inclusive lá fora) já se
manifestaram sobre o equívoco grotesco da avaliação da Standard &
Poor's sobre a nossa economia, não seria o caso do governo
brasileiro partir para a ofensiva, contestando publicamente o método
adotado e mostrando ao mundo as “mancadas-homéricas” por ela
patrocinadas, via “ratings" inflados e sob suspeita, que
objetivam prioritariamente elevar suas receitas e obter maior
participação no mercado ???
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