Esta manhã, há
setenta anos, em Hiroshima.
E pensei,
setenta anos,
E os netos
do Enola Gay ainda riem da vida!
E ouvi o
distante barulho dos motores,
Entre as
nuvens com seus alados rancores.
E pensei em
Vinícius,
Silabando o
apocalipse de uma única bomba.
.
São setenta
anos de ameaças,
A nuvem
radioativa, esquelética, neoplásica.
O carimbo na
calçada,
De corpos
reduzidos a manchas nos batentes.
E daquela
gente,
Arrancando a
pele como fatias de papelão.
Do lento
despertar,
Naquela manhã
rotineira antes do fim.
Foi há
setenta anos,
Não espere
as dores, foram deles.
Não espere o
desespero, foram eles.
Não espere o
desencontro, eles se perderam.
Não cite a esperança,
eles já não sabem as palavras.
Apenas a
nuvem radioativa,
Assassina,
controversa, daquela manhã em Hiroshima.
Chegou sobre
Hiroshima,
O anjo negro
na altura de nove mil metros de covardia.
Como se
acende um cigarro,
Às oito horas
e nove minutos Paul Tibbets armou a bomba.
No ponto de
oito horas e quinze minutos,
A bomba
lançada levou quarenta e quarto segundos em silêncio.
Na altura de
quinhentos e oito metros,
Liberou todos
os castigos sobre Hiroshima.
Onde o
experimento,
Deu
esperanças de mais sobrevoo da morte a Nagasaki
Eles sabiam
o resultado de Hiroshima,
E não
pararam.
Continuaram.
Jamais
pararam.
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