Porque aquele órgão encantador mais embriagava a dose de
Cuba Libre. Entretanto tuas emanações inebriantes a todas as minhas fibras
tremiam na angústia da urgência. Aquele momento único não podia se perder.
E teu silêncio denso, como a mais dura rocha, deixava aquele
momento grave como o irrealizado que é renúncia. O pingo de perfume na ponta de
tua orelha, a fornalha que molda uma vontade no malho do ferreiro.
E aquele órgão se desdobrava em canção. Numa língua que eu
não traduzia, mas compreendia. O fervor do teu corpo era o enigma em
decifração. Jogava-me um feito único e
toda a iniciativa a mim cabia.
Na timidez ameaçada por um escândalo no salão. Um tapa na
cara que move todas as humilhações do mundo. E a tua rocha de silêncio era um
lajedo quente no pleno do meio dia.
E os dedos do organista ocupando todo os teclados implodiu o
silêncio. Nada mais se escutava, apenas nossos corpos quentes ligados por um
cabo rijo e um anteparo que promete o encaixe.
Mas nada havia entre nós. Uma fusão organista, uma
concentração no mesmo ponto de fusão. Um momento que não diz nada, mas revela
todo o universo. Eis o salto qualitativo do momento de urgência da timidez e do
sólido silêncio de espera.
A iniciativa fora disparada. Um pleno orgástico ao som do
órgão de A Whiter Sade of Pale.
Co-autores: Gary Brooker e Keit Reid, do grupo Procol Harum.
O arranjo de órgão é de Mathew Fisher. Reid numa festa ouviu um rapaz falando para uma moça: você
se tornou a mais branca máscara pálida. Uma exótica letra que traduz toda a
leitura da educação inglesa do letrista. Parece, no estilo rock progressivo,
traduzir a sedução a dois embriagados,
que termina numa relação sexual
A canção e o arranjo são derivados do Bach e isso traduz bem
a erudição e a tecnicidade dos músicos do rock progressivo. O órgão introduz,
reaparece ao final de cada estrofe e varia durante toda a canção.
No disco apenas estas duas primeiras estrofes foram
cantadas. As demais apareceram em DVD e performances do Grupo de Rock inglês
Procol Harum.
A mais branca máscara
pálida
Nós girávamos
a luz do fandango,
Carroça tombada
cruzando o piso,
Eu me sentia
um tanto enjoado,
Mas a
desordem gritou por mais,
O quarto
zumbia forte,
E o teto
flutuou além,
Quando
chamado para mais uma dose,
E o garçom
trouxe uma bandeja.
E foi então,
que mais tarde,
Como o
moleiro disse em seu conto,
A face dela a
princípio fantasmagórica,
Virou uma a mais
branca máscara pálida.
Não há nenhuma
razão, disse ela,
E a verdade
é simples de ver,
Mas eu misturava
meu jogo de cartas
E não a
deixaria ser,
Uma das
dezesseis virgens vestais
Que saiam
para a costa do litoral,
Embora de
olhos plenamente abertos,
Eles
estariam sendo bem fechados.
Se a música
for o alimento do amor,
Então o riso
é a sua rainha,
Da mesma
forma se atrás é a frente,
Então a
sujeira é o limpo,
Minha boca
igual a um cartão,
Parecia
deslizar em linha reta ao meu coração
Então
submergimos rapidamente,
E atacamos o
leito do oceano.
Um comentário:
Basta um instante pra cristalizar uma forte emoção.
Viajamos na poesia.
Uma tela pintada com a tinta do coração.
Um filme ...E a gente enxerga o diretor, os atores, e as fotografias.
Esse poder de escrever é nato.É dádiva.É DNA!
Saõ lindos teus textos que associam beleza,música,lembranças...
Desfragmentação: ARTE!
Nós agradecemos!
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