Na minha
infância e adolescência, no interior, além do rádio, filmes e alguns livros, as
referências e informações para formação dos jovens eram poucas. Além das
familiares, algumas figuras regionais que, pelo comportamento e importância,
nos eram apresentadas como exemplos de cidadãos corretos.
Aparecia também
outra referência, as Forças Armadas. Tinha grande admiração por soldados
dispostos a dar a vida pela pátria. Em relação a isso, todos os meus conhecidos
e colegas, tinham um sonho, uns queriam ser aviadores, outros paraquedistas, eu
queria ser piloto de tanque. Como o mar nos era desconhecido, poucos desejavam
ser marinheiros. Admirava os desfiles em comemoração ao dia 7 de setembro.
Cheguei a tocar tambor na banda da escola. Era comum ver na rua ou em festas
civis e bailes sociais, como convidados de honra, oficiais fardados que estavam
de férias ou de passagem pela região. Nos bailes de debutantes, lá estavam
cadetes para abrilhantar a festa, era visível a importância que se davam.
Onde foi parar
tudo isso? Onde está a confiança e
admiração irrestrita que a população depositava nas Forças Armadas? É preciso resgatar esses valores. Como podemos confiar em quem vive fechado em
quartel alimentando fantasias de bravura contra inimigos inexistentes? Ou estão
dispostos, baseados em lorotas, a matar seus próprios conterrâneos desarmados?
É
constrangedor que o perigo da moda agora seja Cuba, país insular, pobre, pequeno,
mais ou menos do tamanho de Pernambuco, sem exército nem marinha de guerra. País
que há 50 anos está bloqueado pelos Estados Unidos, causa medo a quem? Nossas Forças Armadas tem medo de Cuba? Que
departamento de informações, inteligência e propaganda é esse? Se não alimenta, por que não desqualifica
esses boatos? O mea-culpa poderia começar reconhecendo os erros e crimes cometidos
durante o regime militar. A desculpa usada pelos criminosos de que cumpriam
ordens superiores, não é aceita pela justiça, é crime hediondo, está na
constituição federal e reconhecido pelo Brasil em vários tratados
internacionais. Os réus nazistas nos julgamentos de Nuremberg e outros, também
alegavam cumprimentos de ordens superiores. É preciso contar a verdade sobre o
golpe, deixar de agir como coiteiros, o que de fato, já não é possível negar ou
esconder. As Forças Armadas merecem respeito, a instituição pertence à nação,
não é um covil de malfeitores. Se queremos paz e desenvolvimento, é preciso
agir, como por sinal fizeram militares de países (Alemanha, Espanha, Portugal,
União Soviética, Chile, etc.) que passaram por experiência semelhante, mas que
desejavam reconquistar a confiança e reunificar seus cidadãos.
Jose Almino Pinheiro
31.03.14
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