por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 21 de agosto de 2013

"Buquê de rosas" - José Nilton Mariano Saraiva

Qualquer manual de boas maneiras há de rezar que... “aos inimigos não se enviam buquê de rosas, mas, sim, bananas... de dinamite”. A reflexão acima é só pra mostrar quão hipócrita e maquiavélica é a batalha política arquitetada entre as quatro paredes dos gabinetes suntuosos da vida.

Aqui em Fortaleza, por exemplo, a polêmica da vez é o confronto entre a Prefeitura da cidade (também em poder da família Ferreira Gomes) e um grupo de ambientalistas/ecologistas, por conta da decisão do poder municipal de construir dois viadutos (um sobrepondo-se ao outro) no entroncamento das avenidas Antônio Sales com Engenheiro Santana Júnior (vizinho ao Iguatemi).

Fato é que, embora seja uma das áreas de trânsito mais caótica da capital, e que necessita, sim, de alguma intervenção (e com urgência), a construção dos tais viadutos esbarra numa questão por demais valorizada nos dias atuais: a agressão ao meio ambiente. É que, a fim de levar avante o projeto, as obras deverão avançar (cerca de 07 metros por 240 metros), sobre o Parque do Cocó, uma das poucas áreas de preservação ambiental ainda existente aqui na capital e responsável pelo pouco de ar puro que nos resta.

Como a coisa foi operacionalizada da noite pro dia, de forma abrupta e truculenta (tipo rolo compressor) sem que houvesse qualquer diálogo com quem quer que seja, não permitindo sequer a apresentação de projetos alternativos por parte dos que não concordam (e eles existem), eclodiu um desagradável clima de insatisfação e revolta que culminou com uma atitude inusitada: os ecologistas e ambientalistas simplesmente “acamparam” na área onde tratores e retro-escavadeiras já punham abaixo frondosas árvores; assim, barracas foram montadas, banheiros químicos instalados e por aí vai, de sorte que a turma ali “fixou residência”, literalmente: passam o dia todo em atividades culturais e ali mesmo dormem, no chão, à noite (e o frio na área é de rachar) e isso há mais de um mês.

Num primeiro momento, a Polícia Militar invadiu a área, de forma brutal, na tentativa de expulsar os revoltosos, oportunidade em que foram usadas balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo, além das inevitáveis agressões físicas, o que repercutiu negativamente; tal desenlace provocou a entrada em cena de políticos (da situação e oposição), OAB, Ministério Público, Tribunal Federal e por aí vai.

Hoje, via prefeitura, os Ferreira Gomes mais uma vez jogaram sujo e pesado: resolveram, simples e coincidentemente, que o trecho entre o encontro das duas avenidas e o Iguatemi receberia nova camada de asfalto e que os serviços seriam realizados entre as 7,00 da manhã às 18,00 horas, reduzindo a via pela metade (por qual razão não fazê-lo entre a meia-noite e as 6,00 da manhã, quando inexiste trânsito na área ???). Dizem os entendidos que o inferno é pouco, em comparação com o pandemônio em que se transformou o trânsito no local. E, parece até que propositadamente, a autarquia municipal de trânsito não designou um só dos seus funcionários para ajudar na fluidez dos carros.

Assim, sem se preocupar com o imenso transtorno causado (congestionamento, buzinaço, calor infernal, impropérios, fechamento do cruzamento, etc) claro que o objetivo final da prefeitura/governo do estado é fazer com que a população se revolte contra os ambientalistas/ecologistas, aderindo ao projeto existente e remetendo a questão ambiental às calendas gregas.

É o jeito de ser (e administrar) dos Ferreira Gomes.         

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