por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Horda de marginais - José Nilton Mariano Saraiva



Ao raiar do ano 2000, de férias no Rio de Janeiro, tivemos oportunidade de ver em ação a tal torcida organizada “Gaviões da Fiel”, do Corinthians. E podemos garantir: trata-se de uma coisa assustadora, de arrepiar qualquer um, fazer tremer estátua de pedra. Aos hurros, proferindo palavras de ordem, aquela horda descontrolada de marginais penetrou na estação do metrô em Copacabana e, literalmente, passou como um rolo compressor, verdadeiro redemoinho, por sobre o que encontrou pela frente; catracas, os parrudos seguranças e torcedores do time adversário e por aí vai (ainda bem que os seguranças, pós-passagem e refeitos do susto, num átimo de coerência, nos recomendaram – torcedores do Vasco da Gama - que, se não quiséssemos ser trucidados, tirássemos imediatamente a camisa do time, adversário do Corinthians naquele jogo da final do Campeonato Mundial, dali a pouco, no Maracanã.
Dali até aqui, foram muitas (mas sempre suportadas) as confusões patrocinadas pela “Fiel”, mas eis que, agora, 13 anos depois, os marginais que se dizem torcedores (e que são financiados pelo clube, sim, em suas andanças pelos estádios de futebol por esse mundo afora), chegaram às raias do absurdo: assassinam de forma violenta e covarde um jovem adolescente e, ainda por cima, em um outro país.
 E aí, temos a palhaçada, verdadeira canalhice, patrocinada pela principal emissora de TV do país (Rede Globo), de par com a CBF e torcedores corintianos integrantes de segmentos da mídia esportiva: ante a perspectiva real de o clube ser penalizado com a exclusão de uma competição internacional, dada a repercussão mundial do fato e em sendo o Corinthians um chamariz de audiência e, conseqüentemente, patrocinadores, imediatamente deram um jeito de arranjar um “menor de idade” (acompanhado da mãe), que, orientado com perguntas e respostas devidamente ensaiadas, prestou depoimento exclusivo àquela emissora, em horário nobre, garantindo ter sido o responsável isolado pela barbárie (na realidade, não exista prova nenhuma de que realmente estava presente ao estádio, mas, só em alegar tratar-se de um “menor de idade”, a Globo se previne, na perspectiva de que nada lhe acontecerá; quanto à família, será regiamente “recompensada”, a posteriori).
A matéria foi reprisada nos dias seguintes, nos diversos telejornais da emissora (manhã, tarde e noite), de forma que se firme na mente dos incautos e desprovidos de consciência crítica que tudo não passou de uma fatalidade, que o “coitadinho” não tinha consciência do que estava fazendo, que não direcionou a bomba para a torcida contrária e, enfim, que a vida segue e nada adiantará ficar remoendo coisas da espécie; a Globo continuará bancando o Corinthians, ad infinitum, e arrecadando milhões com os patrocinadores, enquanto os marginais das “organizadas” continuarão impunes e aprontando (covardes e ridículos, alguns dos bandidos que foram presos, portando e exibindo “santinhos” do Cristo, tiveram até a desfaçatez de se dirigir, claro que pela Globo, à presidenta Dilma Roussef, solicitando que o governo brasileiro intervenha para a sua soltura).
O que mais revolta nisso tudo é que, embora todos saibamos tratar-se de uma farsa grotesca, visando não prejudicar os ganhos futuros da Globo, os formadores de opinião de outros veículos de comunicação não questionam, não se interessam no aprofundamento da questão, portam-se como verdadeiros cúmplices da barbárie.
Mas... por que estranhar: afinal, Obama não disse que matou Osama e, embora ninguém tenha visto o corpo, até hoje muitos acreditam seja aquela a verdade verdadeira ???     

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