por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 19 de julho de 2012

Carrossel - Emerson Monteiro

Há paz, paz definitiva, no olho do furacão, conceito de religiões orientais. Esta paz existe dentro de tudo, inclusive no coração das pessoas. Há inércia absoluta no centro dos eixos em circunvolução. O carrossel e o carrossel deste chão em movimento guardam em si a Paz.

Qual nos acontecimentos fervilhante dos dias, quem gira e passa são as coisas. As dez mil coisas, que vêm e vão rumo do monumental desconhecido. O tempo, esse ente abstrato, permanecerá indeclinável, eterno. O desejo da perpetuação mora, sim, nos objetos e nos sujeitos. Apelos em forma de vontade ainda para permanecer vive no âmago das peças que somos em atividade constante, que vagueiam pelos ares em torno dos eixos, dos centros, das ilusões lá de fora.

O Amor, por exemplo, equivale, com isso, à completa ausência do ódio, da antipatia. O Silêncio, à inexistência dos ruídos. Paz, à exclusão absoluta das guerras, dos conflitos, querelas, desavenças.
Esse mergulho ao fundo último da gente representa a ação que salvará o princípio original, continuação da espécie através da descoberta providencial do Eu verdadeiro. Envolvimentos outros com estilhaços que voam nos territórios em permanente queda livre arrastam a desfiladeiros mortos do passado.

A presença de tudo que se esvaia fala do prazer dos perdidos desesperos, conquanto o expresso da sequidão invade vales de solidão, ressacas, saudades imensas, doses que sucedem alegrias, nos instantes seguintes do gozo físico. 

Portanto o ritual da salvação significa o respeito das leis do firmamento, da Lei. Domar o touro bravo da fome de carregar cacarecos ao lombo, escolher o pólo inefável das emoções, do melhor para nós sempre. Conter o infinito em Si, a chave, a porta.

Pisar devagar, concentrar o pensamento e fustigar as alturas. Viajar ao País dos Mistérios através do longo tempo eterno, inevitável, que nos contém perpendicular, frontal, a escorrer cá bem dentro a subjetividade. E sair pelas vaidades, quando quiser abandonado aos ventos o calendário.

Assim, no foco quente do presente queima o carvão aceso do futuro e forma fogueiras de brasas apagadas no passado aqui junto dos pés, horas mal digeridas, inaproveitadas, matérias orgânicas em matérias inorgânicas dos ponteiros dos relógios que não param, oxigênio em carbono, todo tempo até os estertores da máquina da vida na carne; vidas que voam, que voam em busca de novas vidas.

Nessa lenda de que o tempo passa, quem passa são os objetos e as pessoas. Nem o piso onde pisa desliza, pois o palco do Universo habita o âmago do permanente no tudo com destino ao Nada finalmente.

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