por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Histórias ...Histórias - por Rosa Guerrera




Vez em quando gosto de sair dirigindo sem rumo certo , à toa , no vagar irregular das estradas, minhas velhas companheiras. É como se todo o meu Eu precisasse desse parêntese , dessa libertação, de uma pausa diferente para o cotidiano tantas vezes antipático.
Paro numa praça, desço do carro, chuto pedrinhas nas calçadas, perco o relógio, passo em frente a uma Igreja , penso nas poucas crenças e nos muitos deuses, olho os bares cheios de homens vazios , dou um sorriso para um moleque que me observa ...e continuo andando .
Penso nas muitas histórias de vida que me contaram, nos amores que vivi, nas promessas escutadas,nas injúrias recebidas,e fico surpresa com a minha neutralidade.
Sento depois num banco de praça e acendo absorta um cigarro. Dou três ou quatro tragos e resolvo joga-lo fora , olhando distraída a fumaça que desaparece no vento.
Um edifício cresce a minha frente!
E parece me contar histórias de um monte de tijolos, pás, andaimes e cimento.
Amanhã moradores desse “ espigão” terão também outras histórias para contar .
Contrastes da vida ! Paradoxos sem explicações !
Uma canção chega aos meus ouvidos., vinda de um rádio distante : “Esse beijo molhado /escandalizado/ que você me deu/” ... ( até que alguns beijos a gente nunca esquece mesmo.)
Vinicius me vem a mente : “Porque foste na minha vida/a ultima esperança/e encontrar-te me fez criança “/... De onde será que Vinicius colheu a história dessa música ?
Vida, vida ....ponto irregular entre o tudo e talvez o nada!
Esse meu caminhar hoje à toa , essa mania infantil de procurar histórias nas ruas, essa paisagem diferente em forma de carro estacionado,cigarro jogado fora, relógio perdido , músicas, saudades , praças vazias ...
De repente alguém perturba o meu silêncio ou a minha história , colocando no mais alto volume no som de um velho Corcel parado defronte a um bar , um sambinha que eu não o escutava faz um tempão : “ Tire o seu sorriso do caminho/ que eu quero passar com a minha dor “/
Resolvo voltar para casa!
Ligo o carro e dirigindo bem devagar , vou cantarolando bem baixinho :
“Tire o seu sorriso do caminho / que eu quero passar /com a minha dor / hoje pra você eu sou espinho/ espinho não machuca a flor .....
Histórias ... histórias !
por rosa guerrera

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