Ontem, na boca da noite, espreitamos a lua. Acendemos outras luzes, e tudo aceso ficou: cidade, saudade, e nuvens de lembranças. Senti falta do nada. O nada que comporta uma parte de mim que se foi.
Senti falta de tudo que de bom já passou.
Não quis a volta de nada, mas quis a presença de tudo.
Estava serena, sem o mar do teu olhar. Estive serena, diante do caos, concentrado numa simples luz, que ilumina certa nuvem, num céu que ainda é azul, e azul sempre será.
Vejo o teu rosto refletido no espaço. Rosto desanuviado, inserido, nas palmas das carnaúbas. Agora que tudo é passado, te retiro, e te incrusto num álbum de retratos.
socorro moreira
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