por José do Vale Pinheiro Feitosa
Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.
José do Vale P Feitosa
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
UMA FRASE. UMA ORAÇÃO. UMA CONSTATAÇÃO?
E Cuba continua uma Referência - José do Vale Pinheiro Feitosa
Outro dia, bem no espírito fl x flu interiorano, recebi um e-mail sobre a miséria da saúde em Cuba. Pretendia ser outra versão do que dizem os relatórios dos organismos mundiais sobre o bom desempenho da gestão de saúde e seus resultados naquele pequeno país. O texto fora produzido e divulgado pelo virulento movimento anticastrista de Miami que convenhamos não tem isenção alguma para construir honestamente outra versão dos fatos.
A verdade deste debate se encontra em organismos multilaterais, representantes das nações, onde todas as versões são importantes e os indicadores são universais e comparáveis. Não existe outro modo de se debater e é necessária uma rápida evolução da cata de lixo na internet para enfrentar o debate de modo qualificado.
Se Cuba não chegou ao céu da bonança, não dispense os pecadores de alhear-se do que ocorre no Chile, nos EUA, Canadá ou Alemanha. Alhear-se deste modo é se tornar prisioneiro de uma ideologia de almanaque, que todo os dias repete o mesmo mantra e se torna obtusa como uma cegueira de compreensão do que se enxerga.
A UFPA (United Nations Population Fund) das Nações Unidas acaba de publicar informe sobre o Estado da População Mundial em 2011, com o subtítulo emblemático: 7 bilhões de pessoas: seu mundo, suas possibilidades. A essência é mudar a pergunta estratégica para o futuro, ao invés de perguntar-se: Somos demasiados numerosos? A pergunta a ser feita é: O que posso fazer para que o nosso mundo seja melhor?
Se tomarmos alguns indicadores sobre mortalidade precoce, esperança de vida ao nascer, escolaridade e saneamento básico entre sete países, alguns que estão no topo do desenvolvimento - Canadá, EUA e Alemanha – incluindo Cuba e Chile por serem o modelo ideológico, acrescentei a Costa Rica por sempre ter sido referência de boas políticas humanas e, claro, o Brasil.
Cuba está muito bem em níveis comparáveis com maior grau de desenvolvimento humano, à exceção da Mortalidade Materna onde seu comportamento diverge muito dos países de maior desenvolvimento igualmente ocorre com o Brasil, Costa Rica e numa escala menor o Chile. Cuba atinge as melhores posições, mas é preciso dizer que o conjunto dos sete países já estão num patamar muito acima do que foram no século XX.
A feição pavorosa contra Cuba não se sustenta, mas diferentemente do Chile cujos indicadores também são bons, Cuba enfrenta um bloqueio econômico da nação mais poderosa do mundo. Como uma pequena nação o Chile nunca deixou de perder o apoio dos EUA, mas Cuba foi largada ao vento com o fim da União Soviética. Os fluxos de capitais e financiamento são completamente diferentes do que as demais nações se sujeitam. Cuba continua a provar que é possível viver fora da ditadura do capital financeiro. E isso não é pouco.
Se alguém pode ser diferente, todos também podem fugir da “cortina de ferro” dos juros do sistema financeiro que controlam os países.
Um Cariri cinzento - Emerson Monteiro

Carta ao Tom 2010 - José do Vale Pinheiro Feitosa
Figurante - Por Rejane Gonçalves
QUERO SER O TEU POEMA- por Rosa Guerrera
DOUTOR GERALDO MONTEDÔNIO – MEMÓRIA PRESERVADA

Percurso Livre. Por Liduina Belchior.

Porque não existe cobrança e não tem dia nem hora regularmente marcados. Acontece sem compromisso, sem vínculo "apaixonatício" e o amor sobrevive sem cercas. Quando os dois não querem que exista vínculos, e esse fator é bem trabalhado emocionalmente, o amor vai tramitar por um templo onde se contempla e se medita a liberdade e todas as suas vantagens. Todavia, as pessoas que experienciam esse tipo de relação, necessitam administrar a lacuna da inexistência da regularidade nos encontros em dias tidos como nobres, comemorativos e tal. Caso esse fator fique bem resolvido, a provisão e a qualidade do processo relacional serão maravilhosos e o sentimento fluirá livremente, tranquilamente. Portanto não implicará em sofrimento existencial. E para que o máximo de liberdade não implique em máximo de tédio, é necessário que se faça uma análise e avaliação de valores, da formação, dos conceitos e das preferências. Aonde quer que exista a paixão e o amor; e na circunstância em que ocorrer, o mundo seja mais agraciado por estes sentimentos especiais. (Transcendentais).
Pensamento para o Dia 30/11/2011

Romantik und das ewige Selbst*
Começando o último dia de novembro de 2011...
De de Walter Queiroz, em 1973 ("Eu quero nos teus braços ser eu mesmo, comer meu feijãozinho com torresmo, beber, deitar, dormir, talvez morrer", canta Maria Creuza).
A festa de Fátima Figueirêdo
A representação de amigos e parentes aconteceu.No começo parecia uma festa iluminada de religiosidade e bençãos.Fomos aspergidos por elas.
Na sequência, uma ceia deliciosa, e o som de Ibertson, Marcelo, Demontiê com a participação especial da cantora Norma.(Eles são ótimos!)
Tudo perfeito!
Uma noite festiva de carinho.
Eu, como sempre, aguardo o registro dos fotógrafos amadores, que estavam presentes.
Deus te abençoes, moça Fátima, e que esta data seja repetida com saúde e alegria, nos próximos e futuros anos da tua vida.
Parabéns!
A cidade deseja feijãozinho com torresmo ...
Curiosidades sobre Adoniran Barbosa- Por Joaquim Pinheiro
O futuro da cidade- por Ulisses Germano
Só quem faz é o próprio povo
Bem-comum na sociedade
Precisa nascer de novo
Identidade e cultura
Quando estiver madura
Quebrará a casca do ovo
Enquanto isso a esperteza
Gera fama e dinheiro
É assim que a Vossa Alteza
De todos é o meeiro
E o povo ferrado engole
Com medo que sua prole
Passe fome no terreiro
Cartola (compositor)
Fernando Pessoa
HINO A PÃ
(de Mestre Therion *)
Vibra do cio subtil da luz,
Meu homem e afã
Vem turbulento da noite a flux
De Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Do mar de além
Vem da Sicília e da Arcádia vem!
Vem como Baco, com fauno e fera
E ninfa e sátiro à tua beira,
Num asno lácteo, do mar sem fim,
A mim, a mim!
Vem com Apolo, nupcial na brisa
(Pegureira e pitonisa),
Vem com Artêmis, leve e estranha,
E a coxa branca, Deus lindo, banha
Ao luar do bosque, em marmóreo monte,
Manhã malhada da àmbrea fonte!
Mergulha o roxo da prece ardente
No ádito rubro, no laço quente,
A alma que aterra em olhos de azul
O ver errar teu capricho exul
No bosque enredo, nos nás que espalma
A árvore viva que é espírito e alma
E corpo e mente - do mar sem fim
(Iô Pã! Iô Pã!),
Diabo ou deus, vem a mim, a mim!
Meu homem e afã!
Vem com trombeta estridente e fina
Pela colina!
Vem com tambor a rufar à beira
Da primavera!
Com frautas e avenas vem sem conto!
Não estou eu pronto?
Eu, que espero e me estorço e luto
Com ar sem ramos onde não nutro
Meu corpo, lasso do abraço em vão,
Áspide aguda, forte leão -
Vem, está fazia
Minha carne, fria
Do cio sozinho da demonia.
À espada corta o que ata e dói,
Ó Tudo-Cria, Tudo-Destrói!
Dá-me o sinal do Olho Aberto,
E da coxa áspera o toque erecto,
Ó Pã! Iô Pã!
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã Pã! Pã.,
Sou homem e afã:
Faze o teu querer sem vontade vã,
Deus grande! Meu Pã!
Iô Pã! Iô Pã! Despertei na dobra
Do aperto da cobra.
A águia rasga com garra e fauce;
Os deuses vão-se;
As feras vêm. Iô Pã! A matado,
Vou no corno levado
Do Unicornado.
Sou Pã! Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
Sou teu, teu homem e teu afã,
Cabra das tuas, ouro, deus, clara
Carne em teu osso, flor na tua vara.
Com patas de aço os rochedos roço
De solstício severo a equinócio.
E raivo, e rasgo, e roussando fremo,
Sempiterno, mundo sem termo,
Homem, homúnculo, ménade, afã,
Na força de Pã.
Iô Pã! Iô Pã Pã! Pã!
Fernando Pessoa
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Torresmo a milanesa - José do Vale Pinheiro Feitosa
Adoniran Barbosa viveu o mundo do povo. Ele era povo. O povo era ele e o samba era a verdade como era o samba. Não este samba de picareta para alpinistas do sucesso. A idéia não era a salvação pessoal, Adoniran compunha para a salvação de todos nós. Especialmente de quem suava para uma renda com torresmo a milanesa.
Nas sombras que as ruas permitiam, na obra que o dinheiro financiava e o operário tão pouco vê dele. E aqui Clementina de Jesus, a África transporta para a América rasga a farsa do país e diz o que ocorre no nível do povo.
Se segura Maria, se segura Maria, que hoje não tem dinheiro não. Se segura Maria.....
Pode guardar as panelas - José do Vale Pinheiro Feitosa
“Pode guardar as panelas que hoje o dinheiro não deu”. São todos negros, quase negros, um branco, enegrecido e tantos mulatos nem brancos e nem negro, quase índio, quase branco, quase negro.
A pior frase que uma família poderia ouvir do pai provedor: eu sei que dói no coração, falar do jeito que falei, dizer que o pior aconteceu. Assim como estes economistas boçais analisando a crise mundial. Como os abutres querendo carne antes que os corpos faleçam.
E vem alguém e diz, como se uma decisão médica indicando um benzetacil para uma amigdalite: a China acordou e vai tomar as providências, pois encomendas não existem para suas empresas exportadoras.
Só que amanhecerá com levas de operários, sem nem cantar um samba, indo para suas casas esperar uma vaga. Uma vaga pior do que o vácuo quântico: nem partículas existem circulando, se criando do nada e se anulando na antimatéria.
Uma vaga memória que tem de comer, agasalhar-se no frio, pagar as contas que garantem sua permanência enquanto pagá-las. O pior aconteceu pode guardar as panelas que hoje o dinheiro não deu.
Aumento do diabetes - Emerson Monteiro
Nas Américas Central e do Sul, existem 25 milhões de pessoas acometidas pelo mal. Em face da urbanização e da mudança na idade da população, os números aumentarão em cerca de 60% até 2030. O Brasil dispõe da maior incidência, com 12,4 milhões de diabéticos, seguindo-se Colômbia, Venezuela e Argentina.
O problema clínico ora considerado se relaciona à insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas para o transporte de glicose, por via sanguínea, até os tecidos do corpo humano. O excesso de açúcar no sangue é uma condição crônica, enquanto a produção deficiente de insulina, ou uma resistência excessiva à sua ação, ocasiona níveis elevados de glicose no sangue.
Dois tipos principais do diabetes ocupam o terrível escore. O tipo 1, de início prematuro, vinculado a problemas na produção de insulina; e o tipo 2, com início mais tardio e relacionado com fraca resposta do organismo à insulina.Dado importante nisso tudo: Medidas simples, como alimentação balanceada e atividades físicas previnem o diabetes tipo 2. O diabetes também pode ser ocasionado por carência de insulina, pela resistência a esse hormônio ou por ambas as razões.
O diabetes tipo 2, tipo mais comum da afecção, compreende a maioria dos casos. Ocorre geralmente em adultos, mas cada vez mais os jovens vêm sendo diagnosticados da doença. O pâncreas não produz a insulina suficiente para manter normais os níveis de glicose no sangue, de comum porque o corpo não responde bem à insulina. Muitas pessoas não sabem que estejam acometidos do diabetes tipo 2, mesmo sendo doença grave. Nisto, o tipo 2 do diabetes está se tornando corriqueiro devido o aumento de casos de obesidade e de ausência da prática de exercícios físicos.
Em face da gravidade deste assunto, aqui relacionei alguns itens médicos divulgados pela mídia, no propósito de avisar dos riscos severos das alimentações improvisadas e fora de controle, sobretudo quanto ao uso excessivo do açúcar e outros elementos portadores de glicose adotados indiscriminadamente nos dias de hoje.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
CACOFONIA VIAJANTE - por Ulisses Germano
Freud explica, mas não replica!
Provincianismo: a pedra que interrompe o trânsito - José do Vale Pinheiro Feitosa
Não é piedade e nem superioridade diante da manifestação de alguns conterrâneos. Mas o ranço de uma guerra ideológica cheirando a 1964 promove uma angústia de uma longa noite indormida e jamais acordada. Assim como um espasmo asmático que não se consegue respirar.
Há uma vontade de sair da roda e jamais retornar. Não existe possibilidade de arejar idéias e nenhuma contribuição se pode imaginar. E já me adianto aos arrufos que substituem argumentos: arejar idéias é de mão dupla. Ninguém é dono do oxigênio.
A guerra fria que ainda vive em postagens dos nossos blogs tem mesmo o que muita gente diz: um imenso provincianismo. Até aquela inveja de Juazeiro ou a demissão de qualquer esperança. A regra tem sido se queixar das perdas como se estas não fossem parte do estado cultural das coisas.
Estamos a algumas horas do mês de dezembro e nenhum blog da região, especialmente aqueles que freqüento, estão discutindo o futuro da cidade. Como não tenho o domínio da notícia aí, ou estes blogs estão fora do assunto ou teremos o mesmo de sempre.
Ontem recebi um e-mail de Ana Arraes, sobrinha de Almina, deputada federal, mãe do governador de Pernambuco e atual conselheira do Tribunal de Contas da União repercutindo o caso do vereador. O Maurício Tavares publicou a matéria do G1 do Globo no Cariricult.
O blog no Azul Sonhado também publicou a mesma matéria. Os leitores leram como um fato passado e, no entanto, não é. Agora explodem os motivos de Almina, não pela repercussão na grande mídia nacional, mas exatamente por que o caso é emblemático da discriminação, do descuido com a ética, do exercitar-se de público como um touro Miura numa arena.
E no corpo da matéria a mais incrível confissão oligárquica e provinciana: só publicaram a parte que interessava à oposição. Provincianismo é esta pedra que interrompe o caminho e jamais se desloca para que as coisas transitem. Ora gente fina: publicaram o que interessava à cidadã em defesa da sua dignidade.
Giacomo Puccini
Tua imagem
Leves impressões...- socorro moreira
Esta bela música é versão de "I will wait for you" do filme Os guarda chuvas do amor com Catherine Deneuve,
Leno e Lilian
Sua Lembrança
Mesmo longe eu não consigo lhe esquecer
No luar tão lindo posso ver você
Volte, por favor, pra me fazer feliz
Porque sempre amor, muito eu lhe quis
E por onde eu ande, e por onde eu for
Sinto aqui tão grande meu eterno amor
E sonhando sempre em lhe abraçar
Meu caminho eu sigo a chorar
E minha vida triste vai seguindo assim
Trazendo mil lembranças que não têm mais fim
De um amor lindo que se acabou
Mas não vai se apagar
E por onde eu ande, e por onde eu for
Sinto aqui tão grande meu eterno amor
E sonhando sempre em lhe abraçar
Meu caminho eu sigo a chorar
Sinos natalinos- socorro moreira
Quando dezembro se aproxima, o vermelho entra em cena, na sina da paz.
Minha mãe adorava o Natal. Gastava suas parcas economias, no último mês do ano.
Árvore enfeitada, Menino Jesus na estrebaria, peru emilhado, no quintal. Todos os cheiros e cestas. Papeis celofanes embalando quitutes, mimos e sonhos.
Herdamos o compromisso de oferecer, simbolicamente, pequenos gestos de carinho...
Manhã do dia 28 de novembro de 2011.
Da janela do hotel, vejo uma nova cidade; um riacho seco, a torre da Sé.Cheguei por acaso? Intuitivamente sinto que estou prestes a cumprir nova missão.
Só preciso de saúde!
Como esquecer os mandamentos que nos mantêm vivos com qualidade?
- Comer menos, tudo que é veneno; vigiar o inflável; beber o que hidrata; caminhar, pedalar, se espreguiçar e relaxar; objetivar a vida, no sentido da alegria...!
Para mim o amor é felicidade. Para quem o amor é fácil, o ser feliz é contingência!
Tenho urgências de obediências.
Obedecer é honrar! O caminho da inteireza é tão árduo que não respeita os desejos.
Escolher o prazer, entre tantos...
Saber beliscar, lamber, sem saturar o excitante. Respirar o mundo calmamente, percebendo que os sinos natalinos tocam em surdina, no dia a dia.
Qual a distância entre você e você mesmo? - José do Vale Pinheiro Feitosa
Parece óbvia a resposta sobre qual seja a distância entre a Bessarábia e a Bessarábia. Entre você e você mesmo. Parece óbvia a nulidade, mas não é nula esta distância.
Ela é como a distância entre Crato e Campos Salles. Tantos campos existem entre um quarto e outro. Entre a Bessarábia, você e tudo novamente repetido.
Elevar-se. Ninguém chegará a Campos Salles sem subir. Ampliar a visão e os horizontes. Desdobrar os verdes, as cidades e a humanidade individualizada e coletiva ao mesmo tempo.
O pé de Visqueiro. Todos, por comestível, pensa na alma sendo o piqui. Mas não o é. O Visgueiro tem a leveza florida, assim como um bordado. Tem suas vagens, suas folhas de abrigo e uma copa de tornar referência. A referência da Chapada.
As retas de infinito. As rotas linheiras, margeadas pelo carrasco, a vegetação de serrado, de araticum e maracujá peroba. Casas perdidas supridas por barreiros. Entre a colheita e os sacos de venda, na beira da estrada, aos centos de piquis.
Os cânions. Na face para Nova Olinda. Tem pontes de pedras. Taludes de arenito. Uma paisagem dos sertões e do alto a marca de volume, a Chapada para que na volta o viajante reencontre o destino.
O açude do Latão. Que se tornou uma inclusão através da torre plena de morcegos. Se a implodiram, basta olhar com o canto do olho que a silhueta tênue persiste como toda certeza prevista e demonstrada nunca acontecida.
No Morro Dourado. Há mais que uma posse. Além de uma herança. De uma produção agropecuária. Há um agregado nominativo que enche o olhar de brilho, de ouro, de dourado do sol se pondo. E o Morro, dourado feito um estado d´alma.
Baixio do Facundo. Morena Libório sobre as sombras de cajaraneiras e umbuzeiros. Montada num cavalo majestoso, como majestade é Morena depois Brito, depois pernambucana dos canais de Recife.
Xique-Xique. Potengi já levou seu nome. Os lajedos, o mandacaru do fruto sedutor, o rabo de raposa crescido nas locas, os bodes nas beiradas da lasca de pedra. Dizem que hoje o canto dos ferreiros ecoa na madrugada. Tão maleável quanto meu coração qual o ferro rubro no calor da forja.
A BR. Isolou o Araripe. Suas famílias tradicionais. A igreja onde num domingo seguimos desde a origem para destinar o vigário que lhe faltava. Padre Limaverde. No almoço de agradecimento lembrando os ensopados de cobra.
Campos Salles. A distância entre a Bessarábia e a Bessarábia, entre você e você. Existe por ser um ente e como tal tecedura do viver.
Cai Chuva!
Chuva! caia na semente, que semeei ali em frente...
Chuva! caia por toda esta gente, e a faça tão contente...
Chuva! caia em todo sertão, para ouvir o canto do azulão...
Chuva! caia ainda no sertão, para se melhor repartir o pão...
Chuva! caia agora, caia em boa hora...
domingo, 27 de novembro de 2011
A falta de Érico Verissímo - Carlos Drummond Andrade
Falta alguma coisa no Brasil
depois da noite de sexta-feira.
Falta aquele homem no escritório
a tirar da máquina elétrica
o destino dos seres,
a explicação antiga da terra.
Falta uma tristeza de menino bom
caminhando entre adultos
na esperança da justiça
que tarda – como tarda!
a clarear o mundo.
Falta um boné, aquele jeito manso,
aquela ternura contida, óleo
a derramar-se lentamente.
Falta o casal passeando no trigal.
Falta um solo de clarineta.
Fonte: Memória Viva