por José do Vale Pinheiro Feitosa




Viva junto à alma mais próxima e compreenda que a proximidade é a medida da distância. Que a distância que os separa é este movimento maravilhoso da matéria e da energia. A maravilha é apenas esta surpresa porque esta proximidade é tão diminuta entre os dois e é a inesperada distância.

José do Vale P Feitosa



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A FONTE DO ITORORÓ


        Fui beber água na fonte do Itororó
aos pés
de Nossa Senhora de Monte Serrat lá no alto
entre o verde e o azul.

A fonte nem sabe que é histórica
e envelhece
(sem música).

Uma prostituta sorri numa casa triste.
Um cachorro abana o rabo,
um jumento abana o rabo,
as moscas zunem alvoroçadas.

Estou suando com o sol forte.
A água dorme com as pedras
em silêncio.
A sombra úmida mal se move no chão.

            A Muricy Domingues

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O Muricy lembrou-me a história da canção do Itororó e perguntou-me: Dá poesia?
Ele nasceu em Santos; eu morei lá uns 15 anos, conheci a fonte... Estranho: a música tem mais de cem anos, e já fala na falta d’água. Não, não é bem assim. Mas há uns trinta anos (quando eu estava lá) a água da fonte foi declarada imprópria para beber. Houve um Jardim do Itororó, muito antigamente. Houve uma Companhia de Águas no local. Houve o tempo implacável, com o progresso – seus benefícios e malefícios. De tudo, resta uma fonte mal conservada. Resta uma ou outra palmeira. Resta um pouco de pobreza, de tristeza. Resta uma canção...
Fui no Itororó
beber água não achei
achei bela morena
que no Itororó deixei

Aproveite, minha gente,
que uma noite não é nada
Se não dormir agora,
dormirá de madrugada

Ó dona Maria,
Ó Mariazinha,
entrarás na roda
e dançarás sozinha

Sozinha eu não danço
nem hei de dançar
porque eu tenho o fulano
para ser meu par


       J. C. Brandão



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